Filho do ourives Amâncio José da Paixão Cearense e de Maria Celestina Braga, o menino Catullo correu pelas ruas e casarões da sua cidade com os irmãos Gil e Gerson até os dez anos, quando se mudou com os pais, para a fazenda dos avós paternos, no sertão cearense.
No contato com a gente simples, bebendo desta sabedoria e se fartando deste imaginário matuto, o futuro violeiro soube coletar os mais puros motivos e recria-los, além de registrar as peculiaridades lingüísticas do caboclo da caatinga. Suas modinhas, que a tantos agradaram no ocaso da monarquia e nas primeiras décadas da república, refletiam também o estado de espírito do boêmio, sempre a declamar apaixonado e muitas vezes desprezado pela sua amada.
Sua presença cultural é tão grande na história da música brasileira deste período, que o escritor Lima Barreto chegou a criar o personagem Ricardo Coração dos Outros, um violonista compositor de modinhas e que é um dos coadjuvantes do clássico pré-modernista “Triste Fim de Policarpo Quaresma”.
Por citar o Rio de Janeiro, uma das mudanças mais marcantes na vida do artista aconteceria em 1880, quando a família se muda para a sede do império deslumbrada com Paris e tentando imitar os ares progressivistas da belle èpoque francesa. Uma vez lá, o violonista iria presenciar importantes fatos políticos como a Proclamação da República, e as subsequentes crises políticas dos presidentes Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto.
Lá, em companhia dos flautistas Joaquim Callado, do violonista Anacleto de Medeiros e do cantor Cadete, o poeta trocou a flauta -até chegar no Rio ele só tocava este instrumento – pelo violão, instrumento ao qual foi iniciado por um estudante de medicina.
Mas o começo não foi de glamour. Assim que chegaram, morreu a mãe, vindo o pai a falecer três anos depois.
O boêmio teve que trabalhar. De dia pegava no pesado no cais, onde era estivador e à noite embaixo das sacadas, entoando suas canções.
O casamento de Catullo com o violão que o imortalizou, se deu aos 19 anos, quando largou os estudos para se dedicar ao instrumento tido como propício das “rodas de capadócio”. Quem fosse de boa família jamais andaria com um desclassificado que ostentasse um pinho!
No dia 5 de julho de 1908, como já foi referido, Catullo revolucionou os padrões musico-culturais da época, quando a convite do Maestro Alberto Nepomuceno, fez um recital de violão no templo da música erudita de tradição européia: o sucesso foi geral e a platéia o aclamou. Até críticos desafetos lhe pediram desculpas.
Neste momento a modinha ganhou ares de civilidade, e suas riquezas melodico-harmônicas conquistaram, o gosto da classe dominante
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