Casa do Bandeirante reabre ao público

 

Construída em taipa de pilão, tombada pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo) e pelo Compresp (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo), a Casa do Bandeirante reabre nesse mês, com a apresentação do coral Anjos Deschamps e inauguração da exposição A Casa do Bandeirante contando sua história.

A mostra, por meio de objetos, fotos e documentos, registra as alterações na propriedade e na arquitetura da casa no decorrer do tempo e também mostra a importância que ela adquiriu nas comemorações do IV Centenário da Cidade, em 1954.

A reabertura do espaço museológico, que esteve fechado ao público por 60 dias, enquanto passava por obras de conservação e reparo, é um passo importante na revitalização da região e vai ao encontro dos anseios dos moradores do bairro.

O museu oferece visita monitorada e programa, para abril de 2006, uma exposição sobre arqueologia de São Paulo, com um panorama das pesquisas realizadas no município dos anos 80 até hoje.

História
A Casa do Bandeirante, como hoje é conhecida, é uma residência rural típica de São Paulo do tempo dos bandeirantes, localizada muito distante do núcleo original da cidade. Naquela época, a cidade era pobre, e sua população, gente de poucos recursos econômicos se comparada aos colonos que viviam no litoral, organizava expedições pelo sertão em busca de mão-de-obra indígena e de ouro: o “remédio para a pobreza”.

Comandadas pelo cabo da tropa ou capitão do arraial, que tinha poder total sobre seus subordinados, as bandeiras reuniam um grande número de aventureiros armados e de índios aliados que guerreavam com arcos e flechas e exerciam a função de carregadores. As tropas marchavam a pé e descalças. Os bandeirantes usavam um gibão, isto é, uma espécie de colete de couro para se defender das flechas inimigas.

Após a descoberta de ouro em Cuiabá, a Vila de São Paulo de Piratininga foi elevada à categoria de cidade, em 1711. Criou-se um governo próprio, surgiram os primeiros sobrados de taipa cobertos por telhas e aumentou a população de portugueses.

Dessa época restaram poucas construções da arquitetura paulista. A Casa do Bandeirante é uma delas, que data da primeira metade do século XVIII. Sua área é de 350 metros quadrados. Foi feita de taipa de pilão: técnica construtiva milenar que emprega nas paredes e muros a terra comprimida dentro de formas de madeira. Porém, essa técnica mostrou-se pouco resistente à umidade, o que a faz necessitar de manutenção constante. A Vila de São Paulo, portanto, carecia não só de recursos econômicos como também de materiais construtivos.

Como aponta Carlos Lemos, a arquitetura da casa bandeirista permanece uma incógnita. Certa mesma é a destinação dos cômodos fronteiros, que abrigavam um “quarto de hóspedes” e uma capela. Quanto aos demais cômodos, não se sabe ao certo a que tipo de uso eram destinados.

O mobiliário de casas como esta era geralmente escasso e pobre: redes de dormir, bancos, poucas cadeiras, e catres, mesas e baús de madeira. Além disso, a iluminação era precária, feita apenas com lampiões de latão de óleo de mamona e cera.

A Casa do Bandeirante ficava originalmente em terras conhecidas originalmente como Uvatantan, doadas aos jesuítas por Afonso Sardinha; com o tempo, o nome evoluiu para o atual Butantã. Depois da expulsão dos padres da Companhia de Jesus, em 1759, passou por diversos proprietários.

Em 1938, a Cia. City de Melhoramentos, responsável pela urbanização das margens do Rio Pinheiros, doou-a à Prefeitura. Com as obras do rio, a casa passou a ter o rio margeado pela frente.

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