Cartola, 45 anos de saudade: o poeta da Mangueira que eternizou o samba


Obras como “As rosas não falam” e “O mundo é um moinho” reforçam o legado do compositor carioca, cujo repertório segue vivo nas vozes de grandes intérpretes e na memória cultural do país.


Há 45 anos, no dia 30 de novembro de 1980, o Brasil se despedia de um dos maiores nomes de sua música: Cartola. Nascido Angenor de Oliveira no Rio de Janeiro, o cantor, compositor, poeta e violonista deixou um legado que transformou o samba e reforçou a identidade cultural brasileira. O apelido, que surgiu na juventude por ele usar um chapéu-coco para se proteger da sujeira das obras onde trabalhava, acabaria se tornando assinatura de um dos artistas mais admirados do país.

Fundador da Estação Primeira de Mangueira, Cartola foi uma das vozes que moldaram a alma da escola de samba e do próprio gênero. Em homenagem ao artista, o Ecad (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição) realizou um levantamento sobre suas obras musicais, revelando a força e a permanência de sua produção.

O estudo aponta “As rosas não falam” e “O mundo é um moinho” como as músicas mais gravadas até hoje e também as mais tocadas nos últimos cinco anos nos principais segmentos de execução pública. Canções que atravessam décadas seguem encontrando novos intérpretes e conquistando novas gerações, evidenciando o caráter atemporal da obra cartoliana.

Entre os artistas que mais gravaram canções de Cartola, o primeiro lugar ficou com Elton Medeiros, cantor e compositor que faleceu no ano passado. A lista inclui ainda nomes como Ney Matogrosso, Nelson Sargento e Teresa Cristina, que ajudaram a reverenciar e manter viva a poesia do sambista.

Atualmente, o banco de dados do Ecad registra 149 canções e 109 gravações de Cartola. Nos últimos cinco anos, mais de 80% dos rendimentos de direitos autorais destinados ao artista vieram dos segmentos de Música ao Vivo, Show e TV — uma demonstração clara da relevância contínua de suas composições em diferentes ambientes musicais.

A lei de direitos autorais (9.610/98) garante que seus herdeiros continuem recebendo os pagamentos pela execução pública de suas obras por até 70 anos após sua morte, assegurando que o legado de Cartola permaneça não apenas na memória, mas também na preservação e valorização de sua produção artística.

Quase meio século depois de sua partida, Cartola segue vivo em cada acorde, em cada verso e em cada voz que ecoa seu nome. Sua Mangueira, seu Rio de Janeiro e o Brasil seguem celebrando o poeta que transformou sentimentos em música e fez da simplicidade um monumento da cultura nacional.

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