Claudete Pereira Jorge
Claudete vai interpretar o Canto 1 da ”Ilíada” de Homero e assim compara a oportunidade: ”Vamos mostrar Homero para os gregos. É como rezar uma missa no Vaticano”
A paranaense Claudete Pereira Jorge tinha 18 anos quando viu pela primeira vez um espetáculo de teatro. Natural de Ponta Grossa, ela tinha acabado de chegar em Curitiba e ainda não havia decidido que profissão ia seguir. ”Eu queria ser desde piloto de automóvel a diplomata”, brinca.
Tudo mudou quando viu o também paranaense Luthero de Almeida atuar. Foi quando Claudete decidiu ser atriz. De lá para cá já se passaram 35 anos, quase uma centena de peças no currículo, alguns prêmios e agora, o que Claudete acredita ser a ”condecoração máxima” ou ”ainda melhor do que um prêmio”. Ela e o diretor (e músico) Octávio Camargo foram convidados para participar da 1 Bienal de Arte Contemporânea de Tessalônica, na Grécia.
Na Grécia, berço do teatro, eles apresentam o ”Canto 1” da ”Ilíada de Homero”, projeto da dupla que já dura um ano. O monólogo já foi apresentado em Curitiba, Rio de Janeiro e São Paulo. A passagem já está garantida, mas o trio ainda está tentando apoio para ”viver” um mês por lá. ”É um desperdício irmos até lá para ficar tão pouco tempo. A princípio iríamos ficar uns dez dias, mas nossa intenção é estender a viagem para podermos pesquisar e apresentar o espetáculo em outros locais”, diz. Até agora, no entanto, o trio não conseguiu resposta nem da Fundação Cultural de Curitiba nem da Secretaria de Estado da Cultura, mas a atriz não desanima.
Para ela, o fato de ter sido convidada para mostrar o espetáculo na Grécia já valeu a pena. ”Imagine, vamos mostrar Homero para os gregos. É como rezar uma missa no Vaticano”, compara. A apresentação, na íntegra, será feita em português, mas a atriz não acredita que o idioma seja uma barreira. ”Estamos falando de um texto que as pessoas sabem o significado. Acho que a interpretação conta mais”, analisa.
A ”Ilíada” de Homero é composta por 24 cantos que narram as histórias que aconteceram no último ano da Guerra de Tróia. Só o canto I é composto por 700 versos decassílabos declamados por Claudete numa apresentação de 45 minutos.
Para o espetáculo foi escolhida a tradução de Odorico Mendes, que foi considerado por Haroldo de Campos e outros críticos literários o pai da ”transcriação” no Brasil. Esta é a segunda vez que a atriz aventura-se em um monólogo. Ela classifica a experiência como um desafio. ”Numa peça normal, você conta com os outros atores, tanto para o êxito quanto para o erro, no monólogo é só você e mais ninguém. Tudo fica na sua mão”.
Mas os desafios de Claudete não param por aí. Depois de ter sido escolhida ”a dedo” pelo diretor Cacá Rosset para substituir a atriz Maria Alice Vergueiro (a estrela do youtube no vídeo ”Tapa na Pantera”) no espetáculo ”O Marido Vai à Caça”, ela foi novamente selecionada pelo diretor para integrar o elenco de ”A Megera Domada”, no segundo semestre. A estrela está subindo.
Katia Michelle