O BNDES ampliou de R$ 15 milhões para R$ 22 milhões a verba para patrocínio de filmes. O anúncio foi feito pelo presidente do banco, Guido Mantega, e pelo ministro da Cultura, Gilberto Gil. O edital de 2005 já está aberto e se encerra em 30 de setembro.
“Somos o segundo maior patrocinador da produção de filmes no Brasil e estamos alcançando o outro lado da rua”, disse Mantega, referindo-se à líder Petrobras (R$ 23,5 milhões na última seleção), cuja sede fica em frente à do BNDES, no centro do Rio.
No novo edital, cada projeto poderá captar até R$ 1,5 milhão, contra R$ 500 mil de 2004. “Esse aumento dará mais agilidade aos produtores, que precisavam ficar buscando um pouco em cada lugar”, disse Mantega.
Atendendo a um desejo do Ministério da Cultura, o banco resolveu diversificar seus investimentos na produção e atuar também em distribuição e exibição.
Haverá cotas de patrocínio específicas para a finalização dos filmes, com um teto de R$ 500 mil. Segundo o diretor-presidente da Ancine (Agência Nacional do Cinema), Gustavo Dahl, cerca de 50 filmes estão hoje em fase de conclusão, mas com dificuldades para obter recursos. “É quase a mesma quantidade de filmes brasileiros que estréiam por ano no Brasil”, ressaltou.
O BNDES também destinará parte dos R$ 22 milhões para investir nos Funcines (Fundos de Financiamento da Indústria Cinematográfica Nacional), cujo foco prioritário é a distribuição.
Dos filmes financiados pelo banco nos últimos anos, 29 ainda não conseguiram ser distribuídos. Até o momento, só dois fundos (Banco do Brasil e Rio Bravo) estão credenciados para receber investimentos. O objetivo do banco é atrair outros fundos nos próximos meses.
“Com a chancela do BNDES, eu não tenho dúvidas de que os Funcines vão deslanchar”, afirmou Gilberto Gil.
Em relação à exibição, serão criadas duas Salas BNDES de Cinema. Uma delas nascerá em São Paulo, no Galpão 3 da Cinemateca Brasileira. A outra será o auditório da sede do banco, no Rio, que está sendo equipado.
“Teremos uma programação permanente de filmes brasileiros, e poderemos lançar nas salas os filmes patrocinados pelo BNDES”, disse Mantega. Segundo ele, os dois cinemas poderão ser o piloto de um projeto de criação de salas populares que o banco está estudando.
O processo de seleção dos projetos também foi alterado. Cinco representantes do setor cinematográfico serão escolhidos em setembro para integrar a comissão, que contará ainda com dois representantes do BNDES e um do Ministério da Cultura.
De acordo com o banco, serão convidadas pessoas que não tenham relação com os projetos apresentados no edital.
A seleção passará a ter três fases: a tradicional habilitação, em que a parte documental é analisada; uma pré-seleção de 30 finalistas, em que opinarão apenas os cinco representantes do cinema; e uma defesa oral pelo diretor e pelo produtor do projeto, algo que acontece em outros países.
Economia da cultura
Através das leis de incentivo fiscal e de investimento direto, o BNDES patrocinou 246 filmes desde 1995, sendo 206 longas-metragens. No edital deste ano, não está previsto o financiamento de curtas e médias.
“A economia da cultura começa a ser vista pelo Estado brasileiro”, disse Gil, ressaltando que 7% do PIB (Produto Interno Bruto) do mundo e 5% dos empregos formais brasileiros estão ligados a atividades culturais.
Com o aumento da dotação, quase 70% dos investimentos culturais do BNDES vão para o cinema. O patrimônio fica com o restante. “Mas estamos interessados em música, dança, teatro. Queremos abocanhar uma parte dessa economia da cultura”, afirmou Mantega.
Segundo as equipes do banco e do ministério, produtores de qualquer área cultural podem utilizar o Cartão BNDES, que permite a compra de materiais com juros de cerca de 18% ao ano e 36 meses de prazo.
Já funcionando no setor de livros, no qual as editoras têm usado o cartão para comprar papel, o recurso ainda é pouco utilizado em outras áreas. De acordo com o ministério, empresas de materiais de cinema estão sendo cadastradas para que haja opções para produtores do setor.
Info: http://www.bndes.gov.br/cultura/cinema/regulamento.asp