BENÊ, O FLAUTISTA

 

 

 

Ninguém duvida que Benedito Lacerda (1903-1958) foi um dos maiores flautistas brasileiros. Já em relação à sua honestidade, nunca faltaram questionamentos. Pois o músico e pesquisador Paulo Flores, professor do Conservatório de Tatuí, resolveu aprofundar a unanimidade sem fugir do tema espinhoso. “Trilogia Musical da Obra do Polêmico (e Genial) Benedito Lacerda” é o nome do projeto, cujos primeiros CDs estão saindo.

 

“Benê, o Flautista” é a primeira das três caixas, com quatro CDs cada uma, que prevê o projeto. Com o auxílio de uma aluna, Flores reorganizou parte das centenas de gravações de Lacerda. E reuniu argumentos para defender que o músico não se juntava a malandros para roubar sambas de incautos nem teria ganhado dinheiro à custa de Pixinguinha.

 

“Diziam que o Baiaco [malandro do Estácio] levava os compositores para um café e o Benedito ficava atrás de um biombo ouvindo e escrevendo os sambas, para depois eles roubarem do autor. Pensei: então tem que existir muitas parcerias com o Baiaco. Mas só há duas”, queixa-se Flores.

 

Sobre Pixinguinha, ele diz que o mestre do choro estava numa fase ruim quando Lacerda, em 1946, o convidou para tocar e compor com ele. “Benedito foi o responsável pela recuperação do Pixinguinha, que estava no ostracismo”, afirma.

 

Um dos quatro CDs reúne 24 gravações da dupla. Outro é o do grupo Gente do Morro, que Lacerda montou nos anos 30 ao lado de craques como Bide e Juvenal Lopes. Nos outros dois CDs ouve-se o regional de Lacerda acompanhando os maiores cantores do país (Carmen Miranda, Mário Reis etc.) em gravações nos anos 30 e 40. Ele ainda foi um compositor de sucesso, fazendo marchas como “Jardineira” e sambas como “A Lapa”. Mas o Benê compositor será ressaltado no resto da trilogia.

 

BENÊ, O FLAUTISTA

Gravadora: Maritaca

Quanto: R$ 85 (com quatro CDs)

 

 

 

Saiba mais…

Benedito Lacerda

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