Projeto da Escola de Samba Os Internautas promete fortalecer o carnaval de Curitiba e região metropolitana
Na noite de ontem, 21 de setembro, Pinhais foi palco de um evento que promete transformar a cultura carnavalesca da região metropolitana de Curitiba. A Escola de Samba Os Internautas realizou a Aula Inaugural das Oficinas de Artes Carnavalescas, que abre uma nova etapa de atividades voltadas ao fortalecimento do carnaval local.
O encontro, realizado no espaço cultural da agremiação, localizado na Rua Miguel Victor da Silva Pinto, nº 117, contou com a presença de membros da comunidade, sambistas e convidados especiais. Haroldo Ribeiro, presidente da Escola de Samba Os Internautas, destacou a importância desse projeto: “Hoje, a comunidade deu o pontapé inicial para um projeto que vai transformar a maneira como olhamos para o nosso samba e nossa cultura carnavalesca.”
Entre os convidados, o jornalista e compositor Cláudio Ribeiro trouxe uma palestra inspiradora sobre a história e a relevância do samba para a identidade cultural brasileira. Sua participação enriqueceu o evento, que não só celebrou o início das oficinas, mas também incentivou reflexões sobre o papel do carnaval como expressão artística e social.
As Oficinas de Artes Carnavalescas serão realizadas ao longo dos próximos meses, com o objetivo de preparar a comunidade para os desfiles de 2025, além de promover a troca de saberes e a valorização dos talentos locais.
O Carnaval, além de ser um símbolo de resistência cultural, também é uma força econômica significativa no Brasil. O evento atrai turistas nacionais e internacionais, impulsionando setores como hotelaria, alimentação, transporte e entretenimento. A preparação e a realização dos desfiles geram milhares de empregos temporários e permanentes, desde artesãos, costureiras, e aderecistas até músicos, coreógrafos e organizadores de eventos.
José Airton, agitador cultural e um dos coordenadores do evento afirmou que “As escolas de samba têm desempenhado um papel fundamental como resistência cultural no Brasil.”
Desde o surgimento dessas agremiações no início do século XX, principalmente nas periferias e favelas do Rio de Janeiro, elas se tornaram espaços de valorização e preservação da cultura afro-brasileira. Em meio a contextos de marginalização e preconceito, as escolas de samba não só promoveram a música e a dança, mas também consolidaram identidades e tradições que eram muitas vezes excluídas ou reprimidas pela sociedade dominante.
Durante períodos como a ditadura militar (1964-1985), quando a liberdade de expressão foi restringida, as escolas de samba usaram seus desfiles e enredos para abordar questões políticas e sociais de forma velada. Com criatividade, elas faziam críticas à opressão e celebravam heróis e figuras da resistência popular, como Zumbi dos Palmares, enquanto exaltavam a diversidade cultural do país.
Além disso, as escolas de samba são responsáveis pela manutenção e transmissão de saberes ancestrais, como o ritmo, a confecção de fantasias e alegorias, e o próprio samba-enredo. Elas atuam como espaços de educação popular, promovendo a inclusão social por meio da arte e da cultura.
Essa função de resistência se estende até os dias atuais. As escolas de samba continuam a lutar contra a gentrificação, a violência e o racismo estrutural, sendo também um espaço de diálogo sobre questões contemporâneas, como a identidade de gênero, a pobreza e as desigualdades sociais.
Dessa forma, as escolas de samba não são apenas uma expressão cultural, mas também um símbolo de luta e de resistência, garantindo a sobrevivência e a renovação de tradições culturais fundamentais para a identidade brasileira.
O impacto econômico do Carnaval se estende muito além dos dias de folia, fomentando a economia criativa e promovendo uma cadeia produtiva que valoriza a cultura local, ao mesmo tempo que projeta a imagem do Brasil para o mundo.
Faça um comentário