Arroz com feijão é tipicamente brasileiro

Com orgulho de 10 brasileiros, sete consomem feijão diariamente. O grão, simbolo da culinária do país, é fonte de proteína vegetal, vitaminas do complexo B e sais minerais, ferro, cálcio e fósforo. O consumo do produto, em média, por pessoa chega a 17 quilos de feijão por ano e vem aumentando desde 1995.  Atualmente, o Brasil é o maior produtor mundial. A safra do grão é divida em três etapas, a primeira, conhecida como safra das águas é assim chamada porque o plantio e a colheita são beneficiados pelo alto índice de chuvas. O plantio dessa safra na região Centro-Sul vai de agosto a dezembro e no Nordeste, de outubro a fevereiro. Feita no período com o menor índice de chuva no país, a segunda safra é chamada de safra da seca. O plantio nessa cultura acontece de dezembro a março. Já a terceira, a safra irrigada é assim conhecida por se referir à colheita do feijão irrigado, que têm a concentração do plantio na região Centro-Oeste e sudeste, de abril a junho. O feijão pode ser colhido em média após 90 dias de plantado. Existem aproximadamente 40 tipos de feijão que podem ser encontrados no Brasil. O feijão preto, plantado em 21% da área produtora de feijão, tem maior consumo no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, sul e leste do Paraná, Rio de Janeiro, sudeste de Minas Gerais e sul do Espírito Santo. No restante do país este tipo de grão tem pouca aceitação. Os tipos carioca são aceitos em praticamente todo o Brasil. Por isso, 52% da área cultivada é semeada com este tipo grão. O feijão caupi ou feijão de corda é o mais aceito na Região Norte e Nordeste, e mais recentemente vem sendo exportado, com 9,5% da área cultivada.

 

História

 

O arroz com feijão é tipicamente brasileiro – só Cuba tem um prato semelhante, chamado moros y cristianos, que consiste em feijão preto e arroz cozidos juntos. Mas o hábito de combinar os dois grãos separadamente não é tão antigo quanto parece. Especula-se que o prato tenha se popularizado no final do século 19, quando o arroz ganhou espaço na alimentação brasileira, substituindo as farinhas de milho e de mandioca. “No Norte e Nordeste, a farinha ainda é uma base alimentar muito forte e compete com o arroz”, diz Ricardo Maranhão, coordenador do Centro de Pesquisas em Gastronomia Brasileira da Universidade Anhembi Morumbi.

 

De fácil produção e preparo, o feijão já era consumido no Brasil pelos índios com pouco caldo e geralmente misturado a farinha, pimenta e carne. Já o arroz que conhecemos, do tipo Oryza-sativa, é originário da Ásia e foi trazido pelos portugueses. Antes disso, existia outro tipo, chamado milho-d’água, mas que era praticamente ignorado pelos brasileiros. Como até o século 18 não era permitido beneficiar o arroz oriental (processo que envolve lavagem e descascamento), ele era “papado”. “Só em 1766 foi estabelecida uma beneficiadora no Rio de Janeiro, com a permissão do governo português, o que fez com que o arroz ficasse mais soltinho”, afirma Ricardo Antonio Barbosa, professor de História da Gastronomia do Senac-SP.

 

E quem teve a ideia de misturar os dois? Ninguém sabe. Uma das hipóteses levantadas pelo pesquisador brasileiro Luís da Câmara Cascudo (1898-1986), em seu livro História da Alimentação no Brasil, é a de que o arroz com feijão começou a ser consumido em 1808 com a chegada de dom João 6º, que introduziu o arroz no rancho dos soldados. De qualquer forma, a mistura é fonte de nutrientes e evita até cáries. Ou seja, um sucesso de nutrição e de sabor.

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