Anima Mundi 2017: a animação brasileira em foco

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Por: Alessandra Monterastelli*

Para homenagear os 100 anos de animação nacional, a mostra recordou o percurso do gênero no país. Exibiu o documentário “Luz, Anima, Ação” de Eduardo Calvet, “O Menino e o Mundo” de Alê Abreu, longa animado brasileiro que concorreu ao Oscar em 2014 e “Sinfonia Amazônica”, de Anélio Latini Filho, primeiro longa animado produzido em 1953, que narra histórias folclóricas pelo personagem Curumi.

“O Kaiser”, infelizmente, se perdeu no tempo. Em 2013 oito animadores tentaram reanimar o filme, fazendo de forma colaborativa uma nova versão do filme; confira o vídeo abaixo:

Até hoje, 43 longas animados foram produzidos no brasil; a popularização de filmes brasileiros animados nos ciclos de cinemas comerciais teve forte participação de Maurício de Souza, com o primeiro longa da Turma da Mônica, em 1983.

A animação experimental também teve vez no Brasil, como por exemplo com “O Átomo Brincalhão”, de Roberto Miller, em 1961. Confira no vídeo:

No último dia do Festival em São Paulo houve a exibição especial de dois episódios inéditos da série animada “Irmão do Jorel”, de Juliano Enrico. A produção é o primeiro desenho originalmente brasileiro exibido no Cartoon Network, canal infantil norte-americano. Cada episódio da animação narra os eventos ocorridos no cotidiano de um garoto do qual ninguém lembra o nome, já que seu irmão, o perfeito Jorel, é sempre o centro das atenções. O desenho insere ficção em eventos corriqueiros da vida do menino com a família caricata, gerando desdobramentos inesperados, sempre com humor e uma certa ironia.

A série tem alguns traços interessantes que remetem ao Brasil, algumas vezes fazendo críticas sutis. Por exemplo, o pai do irmão do Jorel fez resistência na época da ditadura por meio das artes; sonhador e dramático, tenta passar um pouco de sua filosofia ao garoto; os policiais são todos palhaços com uniforme militar; o dinheiro do desenho é o próprio real.

Premiação

No Rio, o curta francês “Negative Space”, de Ru Kuwahata e Max Porter, foi o vencedor do Grande Prêmio Anima Mundi, sendo automaticamente selecionado para disputar uma vaga no Oscar em 2018. A animação foi realizada em Stop Motion e narra a relação entre um pai e um filho, em que o elo entre ambos se dava na arrumação de malas para viagens.

O júri popular elegeu a produção inglesa “Mr. Madila”, de Rory Waudby-Tolley, como Melhor Curta e Melhor Curta de Estudante. A animação, que faz grandes reflexões sobre o sentido da vida sem deixar de lado o viés cômico, trata do encontro do diretor do curta com Mr. Madila, uma espécie de vidente e especialista espiritual.

Por fim, o escolhido na categoria de Melhor Curta Brasileiro pelo público foi “Sob o Véu da Vida Oceânica”, de Quico Meirelles, que também ganhou na mesma categoria em São Paulo e foi vencedor do Prêmio BNDES de Melhor Animação Brasileira. O curta conta a história de um Gastrotricha (filo marinho que habita no fundo do mar) que possui, assim como o resto de sua espécie, apenas 6 minutos de vida.

Confira o trailer de “Sob o Véu da Vida Oceânica” abaixo:

O Anima Mundi 

Em 1960, houve a explosão da animação na publicidade; nos anos 70 surgiu a Geração Super 8, assim conhecidos os animadores autodidatas da época.

Contudo, na década de 1990, a crise financeira durante o governo de Collor acarretou na drástica decaída dos investimentos no setor. Segundo o site oficial do evento, o Anima Mundi foi inaugurado em 1993, no mesmo momento em que o mercado especifico dava sinais de fortalecimento.

A mostra nasceu com a proposta de incentivar as produções brasileiras e dar oportunidade para que animadores e animaníacos conhecessem diferentes técnicas e produções. Anos se passaram e o festival cresceu, incentivando artistas a produzir mais para exibir suas obras no Anima Mundi; portanto, o evento passou a colaborar com o fortalecimento desse mercado no brasil.

Hoje em dia, com os avanços tecnológicos, a mostra exibe tanto produções em 2D quanto animações em 3D, possibilitando uma experiência ainda mais interessante.
Em São Paulo, o Prêmio de Melhor Curta foi para “Revolting Rhymes”, de Jakob Schuh e Jan Lachauer. O filme inicia com o Lobo Mau contando a verdadeira versão das fábulas infantis para uma babá; entre outras coisas, a Branca de Neve e a Chapeuzinho Vermelho são o amor da vida uma da outra, e os Três porquinhos são capitalistas ferrenhos; todas as histórias se encaixam, trazendo um final surpreendente.

 

* Alessandra Monterastelli é estagiária do Portal Vermelho 

Do Portal Vermelho

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