O Teatro do Piá, espaço para teatro de bonecos e formas animadas, voltou a funcionar em sua sede original, no pátio interno da Fundação Cultural, na Praça Garibaldi 7. A reabertura foi no domingo (1º/05), com o espetáculo Vaqueiros e Cantadores, a última peça de Ailton Caru. Também foi aberta uma exposição em homenagem a Caru, na Sala de Pedra, ao lado do Teatro do Piá.
Inaugurado em dezembro de 1978, o Teatro do Piá é o mais antigo espaço cênico da cidade dedicado exclusivamente às crianças, e o primeiro teatro de bonecos público do Brasil. Desde abril do ano passado, o Teatro do Piá estava funcionando no Largo da Ordem, ao lado da Casa Romário Martins.
“A reabertura do Teatro do Piá no espaço onde foi inaugurado era uma antiga reivindicação dos profissionais do teatro de bonecos do Paraná”, afirma Margarida Rauen, diretora de Ação Cultural da Fundação. “A primeira reunião de nossa gestão na diretoria, em janeiro, foi com a classe de teatro de bonecos, que nos fez esta solicitação agora atendida.”
Para que pudesse retornar a seu local original, o espaço teve que passar por uma total reforma. A sala e os bancos foram pintados, e a porta e a fachada receberam restauração do desenho artístico, assinado pelas artistas Denise Roman e Márcia Széliga. A capacidade do Teatro do Piá é de 40 lugares.
A reforma foi feita em parceria entre a Fundação Cultural e a Associação Paranaense de Teatro de Bonecos, cujos representantes acompanharam a elaboração do projeto arquitetônico e todo o processo da reforma.
“Curitiba é referência no país em teatro de bonecos. A reabertura do Teatro do Piá é uma grande conquista. Este local é aconchegante e simbólico, pois aqui esta arte nasceu na cidade e formou gerações”, disse Gilmar Carlos Silva, presidente da Associação Paranaense de Teatro de Bonecos.
Sentada ao colo do papai Evaldo Mossato, a garotinha Eloisa Camilo Mossato, 6 anos, era uma das inúmeras crianças na platéia do espetáculo. Ela disse que gostou muito. “Tomara que meu pai sempre me traga para ver os bonecos”, torce Eloisa.
O Teatro do Piá terá espetáculos todos os domingos, assim como o Teatro da Maria, no Parque Barigüi, e em espaços das regionais da Fundação Cultural nos bairros. Ao todo, serão 168 apresentações neste ano.
A exposição “Ailton Silva de Caruaru”, em homenagem ao ator e diretor teatral Caru (falecido no início deste ano), tem fotos do diretor, dos bonecos e de peças que ele dirigiu. Alguns bonecos utilizados por Caru no elenco dos espetáculos com mamulengos (bonecos nordestinos) também estarão expostos e serão trocados a cada dois meses até dezembro.
“O trabalho que o Caru desenvolveu com os mamulengos foi inovador e criativo. Ele uniu bonecos e atores em cena interpretando autores como Ariano Suassuna e Vital Santos”, disse Rosângela Lopes de Camargo Cardoso, esposa de Caru. Ela faz a curadoria da exposição em parceria com o produtor teatral Thadeu Peronne. “A reabertura do Teatro do Piá também é uma grande homenagem ao trabalho do Caru”, afirmou Rosângela.
AILTON SILVA CARU (1952 – 2005)
Desenhista, gravador, ator, diretor, cenógrafo, figurinista e produtor teatral, Ailton da Silva nasceu em Caruaru, Pernambuco, em 31 de dezembro de 1952. Na década de 1970, tendo trabalhado com o diretor de teatro Vital Santos, mudou-se para Curitiba, onde passou a ser conhecido como Caru, referência à sua cidade natal. Em 1981, sintetizando suas duas grandes paixões, as artes plásticas e o teatro, criou o primeiro Museu do Cartaz da América Latina. A partir de 1983, expôs seu trabalho como desenhista e gravador em várias mostras individuais, coletivas e em salões de arte. Foi discípulo de grandes mestres do teatro, tais como: Celso Nunes, Amir Haddad, Vilma Ducetti, Eva Schul, Pernambuco de Oliveira, Gianne Ratto e Flávio Império. Dirigiu e produziu peças de teatro, criou figurinos, cenários e bonecos e atuou nos palcos, no cinema e na televisão. Por seu trabalho, foi premiado seis vezes com o Troféu Gralha Azul. Foi ainda presidente da Associação de Teatro Infantil de Curitiba e diretor da Casa de Teatro Produções Artísticas. Ministrou cursos, palestras, oficinas e dirigiu espetáculos por todo o interior do Estado do Paraná. Caru era visto como um artista de coragem e empreendedor, talentoso e incansável, cujo comprometimento com a arte o moveu até o final de seus dias.