A educação através da música

 


 

O samba pode ser um instrumento de ensino de professores. É o que acredita a educadora e cantora Elzelina Dóris dos Santos, idealizadora do Cantando a História do Samba, projeto que irá promover entre os dias 16 e 18, nas dependências do colégio Imaco, o 1º Seminário Diálogos entre o Samba e a Escola.

O objetivo do evento gratuito é divulgar para os professores de Belo Horizonte como o samba pode contribuir para a execução da lei 10.639 – que institui o ensino de história da cultura dos negros em sala de aula.

“O samba foi instrumento efetivo de luta do povo negro para que pudesse se inserir na sociedade. O primeiro samba de sucesso, ´Pelo Telefone´ (de Ernesto dos Santos, o Donga), gravado no final de 1916 já retratava nossa história, por nascer de uma denúncia. A música fala de um delegado que ameaça os negros que, caso continuem com sua festa, irá mandar prender todo mundo”, conta a professora.

Segundo Dóris, a descontração da música ajuda a trabalhar os problemas raciais presentes nas escolas. “Os resultados do nosso projeto têm sido muito positivos, pois os alunos negros melhoram sua auto-estima e, assim, fortalecem a sua identidade”.

Apresentação
O projeto Cantando a História do Samba nasceu há cinco anos, com a finalidade de combater a discriminação racial através da educação e da informação. Por enquanto, tem sido aplicado em escolas públicas das cidades mineiras de Corinto, Santo Hipólito, Nossa Senhora da Glória e Monjolos.

Os resultados serão apresentados na terça-feira, dia 16. “Vamos mostrar como trabalhamos com os alunos, o desenvolvimento do projeto, sua pesquisa, suas dificuldades e a recepção dos garotos”, afirma Dóris.

Além de expor os resultados do projeto, o seminário traz também minicursos com Rosane Pires (sobre literatura afro-brasileira), Sidney d´Oxossi (culinária), Ney Lopes (música), Rafael Sanzio (geografia africana e afro-brasileira), entre outros.

Estudantes não conhecem Cartola
A idéia de apresentar a cultura negra através do samba surgiu há alguns anos, enquanto Dóris lecionava em uma escola da Pedreira Prado Lopes. “Quando convidei os garotos para um show de samba, eles acharam um absurdo. Cantei uma canção de Cartola, que depois eles me disseram nunca ter ouvido antes”, conta.

Neste momento, ela percebeu que, ao mostrar às crianças as biografias dos grandes sambistas, poderia trabalhar a identidade.

“Ao perceber a riqueza das músicas e das pessoas, eles se enxergam no mesmo contexto. A imagem do negro na mídia melhorou muito. Mas mesmo assim, quando chegamos na sala de aula, percebemos que ainda é necessário fazer um grande trabalho”, afirma.

Como o desinteresse é um problema geral na escola, em praticamente todas as disciplinas, o projeto acaba sendo um exemplo não apenas para a aplicação da lei 10.639, mas para o ensino de outros assuntos ligados à cultura. “Os alunos chegam na escola cansados, e a música ajuda a criar interesse”, explica.

http://www.otempo.com.br/magazine/lerMateria/?idMateria=41329

CINTHYA OLIVEIRA

 

 

 

 

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