Os músicos cariocas estão mobilizados para mudar as condições em que trabalham e fazem sua arte. As frentes de luta são duas: uma contra a atual direção da Ordem dos Músicos do Brasil (que regula o exercício da profissão) e outra a favor de uma representação deles no Congresso Nacional, a frente Pró-Música. Hoje, eles realizam um grande show, a partir das 16 h, nos Arcos da Lapa, no centro, onde serão lidos manifestos de protesto contra a OMB que, segundo eles, não defende seus direitos a contento. Já confirmaram participação no show o grupo Barão Vermelho, Sandra de Sá, Lenine, Zélia Duncan, Wagner Tiso, Victor Biglione, Téo Lima, Ivo Meirelles e Funk´n Lata.
O protesto não é recente, pois a direção da OMB é a mesma há mais de duas décadas e nem sempre os associados são avisados das eleições. Mas tomou forma de mobilização quando o maestro e compositor Eduardo Camenietzki, professor da Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro, protestou contra a antecipação das eleições de 2005. Imediatamente, o fato repercutiu entre músicos como Chico Buarque, Caetano Veloso, Ivan Linz, Lobão, Marco Pereira, Fernanda Abreu e Gabriel o Pensador, num sinal de que a situação une contrários dentro da música brasileira.
Correndo paralelo, Ivan Lins e Francis Hime, dois hitmakers que sempre tiveram atuação política, procuraram deputados federais para apresentar uma pauta com as sete principais reivindicações dos músicos. Eles já falaram com Chico Alencar (PSOL-RJ), Antônio Carlos Biscaia (PT-RJ), Gustavo Fruet (PSBD-RJ) e José Eduardo Cardozo (PV-SP). “Estas questões vêm sendo discutidas há pelo menos três anos em reuniões que desaguaram nas câmaras setoriais do Ministério da Cultura”, explicou Francis Hime ao Estado. “Assim como temos esta representação no Executivo, é necessário um contato com o Legislativo, pois há reivindicações que dependem de mudanças em leis e já há projetos esparsos no Congresso.”
A pauta aborda aumento da verba da cultura para 2% do orçamento, novas regras para eleições na OMB, incentivo à regionalização dos meios de comunicação, repressão à execução paga de músicas, mais fontes de recursos para projetos musicais e a volta do ensino de música à escola. Hime reconhece que algumas reivindicações não serão atendidas de imediato. “Até por conta do ano eleitoral, os deputados avisaram que não poderão dedicar a essas questões o empenho merecido e os resultados talvez só cheguem em 2007. Distribuímos tarefas entre nós mesmos para, na próxima reunião com deputados , já termos subsídios para a atuação deles no Congresso.”
Hime contou ainda que os deputados avisaram que era necessário que os músicos com grande visibilidade devem aproveitar essa capacidade para chamar a atenção da sociedade. “Eles disseram que é assim que funciona. Se a sociedade toma conhecimento, pressiona e as reivindicações são atendidas”, diz o compositor.