Autor de pelo menos 300 composições gravadas por um seleto time de intérpretes, o sambista Toninho Nascimento, 71 anos, tem mostrado sua “identidade”, como ele chama a tarefa, em shows recentes em São Paulo (SP) com o conjunto de samba 4 x 4 – mais três apresentações acontecem esta semana, a partir de quinta-feira (saiba mais dos shows na página do grupo aqui).
Por Augusto Diniz
Toninho Nascimento se formou em filosofia pela UERJ, mas nunca exerceu a atividade. “Cursei por curiosidade acadêmica. Sempre vivi de direito autoral e de músicas publicitárias”, esclarece.
Os interpretes de sua obra vão de Clara Nunes (como o clássico “Conto de areia” – que ele considera um samba de ciranda -, “A Deusa dos Orixás”, entre outros) a Elizeth Cardoso e Elza Soares, passando por Roberto Ribeiro e Maria Bethânia.
“Romildo dizia que (“Conto de areia”) era da Ilha de Itamaracá. A levada de ‘Conto de areia’ me remete à ciranda”, destaca Toninho Nascimento. A melodia dessa obra-prima da música brasileira é de Romildo (já falecido e parceiro de muitos sambas com Toninho), e a letra de Toninho Nascimento – e que letra: “É água no mar, é maré cheia ô, mareia ô, mareia. É água no mar…”.
Também foi ganhador de três sambas-enredo na Portela (2012, 2013 e 2014) e um na São Clemente (2017).
O compositor, que nasceu no Pará, mas mudou-se cedo com a família para o Rio, permanecendo até hoje na cidade, começou a apresentar sua face de cantor no Candongueiro, histórica casa de samba de Niterói (RJ), que recentemente anunciou seu fechamento.
“Eu sempre fui um autor com a face anônima. A primeira vez que me apresentei cantando minhas obras foi no Candongueiro, que infelizmente encerrou as atividades. No Candongueiro, conheci o Beto Cesar, sambista de Porto Velho, que me convidou pra me apresentar no antigo território do Guaporé, atual Rondônia. Depois fui convidado, juntamente com o Edmundo Souto, pra me apresentar no Amazônia Samba. Em Belém, participei do projeto Terruá Pará”, relata ele alguns trabalhos autorais ao longo de sua vida.
Desde o ano passado tem se apesentado em São Paulo com o conjunto 4 x 4 em várias casas de samba da cidade. “As apresentações com o conjunto estão me dando oportunidade de botar em contato com o samba de São Paulo”, conta ele, dizendo que tem recebido reconhecimento de sua obra: “Isso tem me deixado surpreso”. E ele agrade a cidade pela recepção ”que emociona este coração já calejado”.
Toninho acha que os sambistas que têm representatividade na mídia são mais reverenciados no Rio. “Porém, em São Paulo, a reverência é mais abrangente”, diz. No entanto, ele avalia que a mídia de massa não dá ao samba a divulgação que oferece aos outros gêneros.
Apesar de estar cantando suas músicas, Toninho Nascimento não pretende, por enquanto, gravar um CD solo. “Gravei quatro músicas uma vez, mas não considerei a produção com o nível profissional que eu queria, apesar de não ser um cantor-especialista. Sou um compositor que canto minhas músicas”, afirma.
A gravação deste trabalho que ele cita foi há seis anos e não foi divulgado. “Foi apenas uma experiência, um aprendizado”, resume.
O conjunto 4×4, ativo desde 2016, em suas rodas remete à memória do samba. O grupo é integrado por Fabricio Alves (voz), Kelly Silva (voz), Marcelo Homero (voz), Eloisa Marques (voz), Maik Oliveira (bandolim), Marcelinho Monsserrat (violão), Kelly Adolpho (cavaco), Miró Parma (percussão), Dio Bandeco (percussão) e Cacá Sorriso (percussão).
Portal GGN
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