17/9/1971 – Carlos Lamarca é morto com cinco tiros pela ditadura militar

“Ousar lutar, ousar vencer”. Era assim que Carlos Lamarca, um dos principais lutadores da oposição armada à ditadura no Brasil, terminava seus escritos. Ele entrou na carreira militar bastante cedo e, alguns anos após o golpe, chegou a ser capitão do Exército brasileiro. Mas, em 1969, já engajado na luta armada contra o regime, desertou e foi expulso da corporação no ano seguinte. Considerado em certo momento o inimigo número um do regime, foi duramente perseguido e fuzilado pelos militares.

 

Um momento marcante de sua formação foi em 1962, quando foi enviado para integrar as forças de paz da ONU na região de Gaza (Palestina), de onde voltou 18 meses depois. Uma experiência que marcou sua vida e sensibilizou o jovem contra as injustiças sociais.

 

Em 1967, foi promovido a capitão e, dois anos depois, já militante da organização que daria origem à Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), organizou um grupo de militares do 4º Regimento de Infantaria para desertarem daquela unidade, levando consigo 63 fuzis e metralhadoras leves que deveriam servir para a luta armada contra a ditadura.

 

Para manter a segurança da família, Lamarca mandou a mulher e os dois filhos para Cuba, onde viveram por dez anos. Em 1959, ele havia se casado secretamente com Maria Pavan, sua irmã de criação, que já esperava o primeiro filho do casal.

 

Na VPR, conheceu Iara Iavelberg, por quem se apaixonou imediatamente. Os dois passaram a viver juntos em diversos aparelhos pelo país. As cartas de amor que trocaram nesse período são conhecidas, assim como o famoso diário do guerrilheiro, com textos dirigidos a ela.

 

Dentre suas ações contra a ditadura, está o sequestro do embaixador suíço Giovanni Bucher, em 1970, que resultou na libertação de 70 presos políticos dos porões da ditadura, além de vários assaltos a bancos para financiar as ações do grupo armado. Viveu quase um ano clandestino em São Paulo, participando de ações de guerrilha urbana, até se instalar no Vale do Ribeira, com um reduzido grupo de militantes, para realizar treinamentos militares.

 

 

O local foi descoberto pelos órgãos de segurança em abril de 1970 e cercado por tropas do Exército e da Polícia Militar. Uma gigantesca operação de cerco se prolongou por 41 dias, mas, após dois choques armados, o pequeno grupo guerrilheiro, sob a liderança do capitão rebelde, conseguiu escapar rumo a São Paulo.

 

Em março de 1971, seis meses antes de sua morte, desligou-se da VPR para se integrar ao Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8), que o deslocou para o sertão da Bahia, no município de Brotas de Macaúbas, com a finalidade de estabelecer uma base da organização naquela região.

 

Em 17 de setembro de 1971, Lamarca foi fuzilado por integrantes da “Operação Pajuçara”, em Ipupiara, no interior da Bahia. Essa operação, iniciada em agosto de 1971, entrou para a história como uma das mais violentas, sobretudo em Buritis, que se tornou à época um verdadeiro campo de concentração, com torturas e assassinatos em praça pública, diante da população. Lamarca tinha 34 anos quando morreu.

Fonte: Memórias da ditadura

Compartilhar:

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será publicado.


*