Diretor de Ainda Estou Aqui, vencedor do Oscar, será homenageado pela Academia, discutirá o futuro do cinema brasileiro e prepara série para o Globoplay
O diretor Walter Salles, responsável pela conquista do primeiro Oscar da história do Brasil com o longa Ainda Estou Aqui (2024), será homenageado neste sábado (18) pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood. O cineasta integra o seleto grupo de quatro personalidades escolhidas para receber tributo no Academy Museum Gala, ao lado da atriz Penélope Cruz, do ator e comediante Bowen Yang e do cantor Bruce Springsteen, que terá sua cinebiografia lançada ainda este mês.
No dia seguinte à homenagem, Salles participará de uma conversa com Kleber Mendonça Filho, diretor de O Agente Secreto (2025), longa já cotado como aposta brasileira para o Oscar 2026. O encontro acontece na abertura do Bravo Film Festival, em Los Angeles, onde Salles será mestre de cerimônias.
Nova série sobre Sócrates
Entre os novos projetos do cineasta está a série documental Sócrates Brasileiro, produção do Globoplay. O trabalho aborda a trajetória do jogador e intelectual, conectando-a ao Brasil dos anos 1950 e 1960 e à efervescência cultural do período.
“A história de Sócrates é a da migração interna nos anos 50 e 60, a história de um país que tentava se definir pelos seus próprios critérios estéticos e políticos… A série dialoga com Ainda Estou Aqui, é também sobre memória e democracia — e, é claro, sobre futebol e identidade brasileira”, explicou Salles ao portal O Globo, acrescentando que o projeto deve ficar pronto até o fim do ano.
Apoio à campanha de O Agente Secreto
Salles também afirmou que pretende colaborar na trajetória internacional do longa de Kleber Mendonça Filho. “O Agente Secreto tem todas as qualidades para ter uma vida longa nas diferentes premiações que se avizinham. É extremamente bem dirigido e atuado, aborda temas centrais ao Brasil mas também no mundo contemporâneo. (…) No que eles quiserem, estarei sempre pronto a ajudar.”
Desafios do cinema nacional
Apesar do prestígio, o diretor fez questão de apontar a fragilidade estrutural da produção brasileira, que enfrenta dificuldade de financiamento e distribuição. “Quando uma produtora como a Sara Silveira não está filmando, isso mostra que há alguma coisa errada no sistema. (…) Acho que a saída é reorganizar essa possibilidade de pensar no cinema coletivamente através dos núcleos de desenvolvimento de roteiros. E a outra é ter inteligência nessa continuidade, ter uma percepção de que o cinema não pode viver de espasmos.”
Reconhecimento internacional
Além da homenagem em Los Angeles, Walter Salles foi escolhido para receber o Grand Prix Fipresci 2025, prêmio da crítica internacional de melhor filme do ano, no Festival de San Sebastián, na Espanha. Para ele, cada exibição acrescenta novas camadas de leitura à obra. “Ao longo desse ano, a compreensão do filme se ampliou e, ao mesmo tempo, agregou elementos de que não suspeitava no ponto de partida, ainda não verbalizados.”
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com informações de O Globo
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