
Portal Brasil Cultura celebra o centenário do mestre do conto brasileiro, cuja obra completa será relançada pela editora Todavia
Neste 14 de junho de 2025, o Brasil comemora o centenário de nascimento de Dalton Trevisan, um dos maiores contistas da literatura nacional. Conhecido como o “Vampiro de Curitiba”, Trevisan revolucionou a escrita de contos com sua prosa concisa, densamente psicológica e mergulhada na banalidade e na tragédia da vida urbana. Em homenagem a essa figura discreta, porém marcante, o Portal Brasil Cultura presta tributo a seu legado literário.
A celebração do centenário marca também o início de um importante projeto editorial: a editora Todavia inicia neste mês de junho a reedição completa da obra do autor. Serão relançados os 37 livros publicados por Trevisan em vida, com acréscimos preciosos como trechos de diários, cartas, bilhetes, desenhos e outros materiais inéditos. Já estão disponíveis os títulos: O Vampiro de Curitiba, Desgracida, Ah, é?, Pão e Sangue, Chorinho Brejeiro, O Beijo na Nuca e a antologia inédita Educação Sentimental do Vampiro, organizada por Caetano W. Galindo e Felipe Hirsch.
Um autor que fugia da fama, mas nunca do essencial
Dalton Trevisan nasceu em Curitiba, em 1925, cidade que atravessa como personagem silenciosa e sombria de quase toda sua obra. Formado em Direito, exerceu brevemente a advocacia antes de assumir a fábrica de cerâmicas da família. Sua estreia literária se deu cedo, em 1945, com Sonata ao Luar. Pouco depois, editou a revista Joaquim, entre 1946 e 1948, promovendo nomes como Carlos Drummond de Andrade e Mário de Andrade.
Foi em 1959, com Novelas Nada Exemplares, que conquistou projeção nacional, ganhando o Prêmio Jabuti e cravando sua marca no cenário literário. Seguiram-se dezenas de livros, sempre com a marca registrada de uma escrita econômica, afiada e implacável, espelhando a violência íntima do cotidiano.
Distante da vida pública, Trevisan se recusava a entrevistas, aparições ou premiações — ainda que tenha sido agraciado com os mais importantes reconhecimentos da língua portuguesa, como o Prêmio Camões (2012), Machado de Assis (2011) e outros Jabutis ao longo das décadas.
Curitiba como espelho da alma
“Seus livros revelam uma Curitiba sombria, mas também lírica, onde a banalidade do cotidiano convive com dramas intensos”, declarou a Secretaria de Cultura em nota oficial após sua morte, aos 99 anos, em 2024. Essa Curitiba de Trevisan é o palco da infância, da culpa, da miséria, do desejo e da violência — tudo dito em poucas palavras e muitos silêncios.
Mesmo recluso, o autor lançou em 2022 uma antologia artesanal, com tiragem de apenas 50 exemplares, mantendo-se fiel à sua obstinação pela obra acima do autor.
Legado vivo
A reedição completa de sua obra promete não apenas resgatar leitores antigos, mas também apresentar novas gerações a um estilo literário inconfundível. A homenagem do Portal Brasil Cultura integra uma série de eventos e publicações nacionais que marcam os 100 anos de nascimento desse mestre do conto moderno.
Dalton Trevisan vive — em suas palavras enxutas, suas personagens anônimas e nas ruas que descreveu com brutal delicadeza.
Ele morreu aos 99 anos, em 2024.
Algumas de suas obras de destaque são:
- “Novelas nada Exemplares” – 1959
- “Cemitério de Elefantes” – 1964
- “O Vampiro de Curitiba” 1965
- “Mistérios de Curitiba” – 1968
- “A Guerra Conjugal” – 1969
- “A Polaquinha” – 1985
- “Macho não ganha flor” – 1006
- “Quem tem medo de vampiro?” – 1998
- “111 Ais” – 2000
- “O beijo na nuca” – 2014
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