
Por Cláudio Ribeiro (reimaginado em forma de crônica-opinião)
É isso mesmo: Eduardo Bolsonaro, deputado federal, decidiu brincar de diplomata internacional. Mas não qualquer diplomata — ele preferiu o tipo mais caricato, aquele que, em vez de defender seu país, age como se “Brasil” fosse sinônimo de ameaça a ser neutralizada.
Vamos recapitular: nome? Eduardo. Sobrenome? Bolsonaro. Cargo? Parlamentar brasileiro. Mas isso é só no papel. Na prática, ele atua como um lobista improvisado — e medíocre — a serviço dos interesses de Washington. Não por convicção geopolítica, claro, mas talvez por fidelidade canina ao nome da família.
Porque, sejamos honestos: o que menos parece preocupar Eduardo Bolsonaro é o Brasil. Seu real compromisso parece ser com a manutenção de um teatro ideológico grotesco, onde ele interpreta mal — e com entusiasmo — o papel de idiota subalterno voluntário.
Afinal, poucos gestos são tão ternos quanto pedir sanções econômicas contra o próprio país para quem sabe, proteger o papai de investigações inconvenientes.
Sim, caro leitor, eleitor e ouvinte. O herdeiro do clã Bolsonaro, em um rompante de “patriotismo reverso”, achou por bem pressionar autoridades norte-americanas — as mesmas que mal distinguem o Brasil da Argentina — a imporem tarifas comerciais contra produtos brasileiros. A justificativa? Proteção política, blindagem judicial e um pouco de drama familiar de exportação. O resultado? Um potencial desastre para o Agro, ao Aço e aos trabalhadores brasileiros que dependem justamente desses setores exportadores para comer, viver e, com sorte, pagar as contas do mês.
Mas Eduardo não parou por aí. Como um maestro do caos, também saiu em defesa de medidas que prejudicam estudantes brasileiros no exterior, produtores nacionais e — por que não? — até imigrantes latinos que ousam sonhar com uma vida melhor em terras estrangeiras. Para esses, nada de empatia. Só campo de deportação, muros altos e um tapinha nas costas do presidente americano, que adora transformar seres humanos em estatísticas de deportação.
O curioso é que, mesmo diante de tal performance, Eduardo continua no Congresso, com crachá de deputado e tudo. E a Constituição — esse livrinho tão desrespeitado quanto citado — continua afirmando que o mandato parlamentar deve servir ao interesse público e à soberania nacional.
Mas quem disse que ele leu essa parte?
Afinal, para Eduardo, talvez a nação verdadeira seja apenas aquela que ajuda a salvar a própria família — mesmo que, para isso, o preço seja pago por milhões de brasileiros. Irônico, não?
Ou trágico. Ou as duas coisas, sei lá.
Cláudio Ribeiro
Jornalista – Compositor
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