
Iniciativa visa orientar ações de preservação no conjunto arquitetônico do século 19, única edificação militar do período colonial no estado
Localizada na Ilha do Mel, litoral paranaense, a Fortaleza de Nossa Senhora dos Prazeres é objeto de um estudo inédito para monitorar riscos estruturais devido a processos naturais e à interferência humana. A pesquisa está sendo viabilizada com recursos financeiros da Portos do Paraná e será realizada pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), a partir de projeto formulado em conjunto com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 2022. Com verba de R$ 1,1 milhão repassada pela empresa pública estadual à UFPR por meio de um convênio, os trabalhos iniciaram em abril de 2025 e devem durar 15 meses.
Foto: Iphan/PRA Fortaleza foi construída na Ilha do Mel, local com dinâmica geológica intensa e que hoje apresenta erosão na praia onde está o bem. Esse tipo de processo pode atuar silenciosamente, solapando as estruturas das construções, sem ser percebido. Quando é identificado, o dano já pode estar em estado avançado, prejudicando ou até impedindo que os bens sejam salvos. A ilha e a Fortaleza são destinos turísticos muito procurados no Paraná.
Desde 2021, quando foi publicado o Plano de Conservação do Conjunto da Fortaleza de Nossa Senhora dos Prazeres e do Morro da Baleia, o Iphan busca possíveis parceiros para viabilizar sua implementação. O plano reúne informações técnicas e orientações para embasar e guiar ações futuras para proteção, conservação, adaptação e gestão sustentável do bem. O documento foi elaborado com a participação da população da Ilha do Mel, e contempla estudos etnográficos e arquitetônicos. Dentre as ações definidas para a conservação do bem, estava a necessidade de elaborar um estudo sobre o processo erosivo, agora viabilizado junto a Portos do Paraná e UFPR.
“Achei muito interessante o projeto unir os interesses da empresa, da universidade e do Iphan. Esse estudo vai contemplar todos os envolvidos”, explica a arquiteta do Iphan no Paraná Sandra Corrêa. “A Portos quer aprofundar os estudos sobre a baía de Paranaguá e possíveis impactos da atividade portuária à região; a Universidade tem experiência e expertise na pesquisa sobre o tema. E o Iphan vai realizar estudos importantes para verificar possíveis riscos à preservação do bem”, conclui.
Os pesquisadores da UFPR vão utilizar imagens de drones e satélites, levantamentos topográficos e batimétricos, estudos geofísicos com coleta de amostras sedimentares para análises laboratoriais, para fazer o diagnóstico ambiental da região. Além disso, estão previstas ações sociais voltadas à escuta da comunidade, reunindo informações que contribuam para a preservação e valorização do patrimônio.
Fortaleza de Nossa Senhora dos Prazeres
Foto: Mariana Alves/Iphan
Única edificação militar do período colonial no Paraná, a Fortaleza de Nossa Senhora dos Prazeres foi tombada pelo Iphan em 1939, abrangendo a Casa de Guarnição, o Paiol de Pólvora, o corpo central da Fortaleza e, no topo do Morro da Baleia, uma bateria de canhões do início do século 20.
O conjunto arquitetônico foi palco de episódios históricos significativos, como a Revolução Farroupilha (1835 a 1845); a Revolução Federalista (1893 a 1895); e o “Incidente Cormorant” (1850).
Em 2024, o Iphan entregou à população do Paraná a obra de conservação da Fortaleza de Nossa Senhora dos Prazeres, que contou com participação da comunidade, por meio de diálogos sobre ações para o local.
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