
Sabor da araucária em potes e versos: memória, afeto e tradição na mesa do sul.
Pois então, te digo, compadre, escuta o refrão,
que essa história começa com cheiro de pinhão.
No Paraná da araucária, da guria e do piá,
onde o vento da serra vem prosear.
Senta na roda, pega a cuia na mão,
que além do mate quente, tem conserva no fogão.
Receita da vó, passada no ouvido,
daquelas que guardam o sabor vivido.
No pote esterilizado o pinhão vai morar,
já cozido e descascado, pronto pra esperar.
Daí ferve na panela vinagre, água e sal,
um dentinho de alho pra dar gosto especial.
Tem pimenta-do-reino que é quase canção,
e dedo-de-moça que esquenta o coração.
Folhinha de louro, um tomilho, um orégano,
alecrim perfumando, ah, que encanto danado!
Depois é só jogo de calma e de fé:
despeja no vidro, fecha bem de arremate.
Cinco dias guardado em cantinho sossegado,
e o pinhão vira festa no prato enfeitado.
É assim que se faz, sem segredo nenhum,
mas com alma da terra, que vale por um.
Porque conserva de pinhão não é só refeição,
é prosa, memória e raiz do coração.
Cláudio Ribeiro
Jornalista – Compositor
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