
Entre tesouras, papéis coloridos e a delicadeza do kirigami, o artista de rua japonês deixou marcas profundas na memória afetiva da cidade.
Quem viveu em Londrina entre as décadas de 1970 e 1980 talvez se recorde da figura miúda e ágil de Toshiyuki Tsuda, carinhosamente chamado de “Circuito”. Sempre com uma tesoura nas mãos e um maço de papéis coloridos debaixo do braço, ele caminhava pelas ruas centrais — em especial pela antiga Rodoviária — encantando os passantes com sua arte: o kirigami, técnica japonesa que combina dobras e recortes para criar figuras surpreendentes.
A fotografia que acompanha este relato revela tanto o homem quanto o personagem público que ele se tornou. Nascido no Japão e radicado em Londrina desde os seis anos de idade, Circuito conviveu a vida inteira com um distúrbio neurológico que lhe causava tremores. Ainda assim, impressionava pela delicadeza e precisão de seus recortes, um contraste que o tornava mágico aos olhos de quem o via.
Mais do que um artista de rua, Circuito foi um símbolo da diversidade cultural londrinense, marcada pela forte presença da comunidade japonesa. Sua rotina pelas imediações da Rodoviária, do Calçadão e das praças representava uma Londrina mais íntima, em que personagens urbanos eram conhecidos pelo nome, pelo ofício e pelo carisma.
Toshiyuki Tsuda faleceu em 1988, mas sua memória permanece viva no imaginário de uma geração. Sua arte simples e poética transformava papel em poesia, deixando para a cidade um legado de beleza e encantamento cotidiano.
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