“BolsoNoSpeak: Bolsonaro se aventura no inglês e faz o Brasil dar aquela passadinha de vergonha”

 

Bolsonaro reinventa o idioma e o mico é internacional”

Domingão na Avenida Paulista, trio elétrico a postos e, sobre ele, o mito: Jair Bolsonaro, ex-capitão, ex-presidente e, agora, aspirante a professor de inglês de cursinho de rodoviária, que apenas confirmou o que sempre soubemos: que ele é profundamente ignorante. A cena? Um pedido de anistia que mais pareceu um pedido de socorro linguístico. Sem noção do ridículo.

Subiu ao palanque com aquela confiança típica de quem acredita que “Yes, we have banana” é frase de Shakespeare. Olhou para a multidão – que, sejamos honestos, caberia em dois vagões de metrô em horário de pico – e lançou: “Eu não falo inglês, peço perdão a Joel Santana – mas Ice cream and popcorn on a bar table with yellow umbrella  Silêncio. Um rato tossiu. Uma senhora da Zona Leste tirou os fones de ouvido pra confirmar se era inglês mesmo. Um assessor suou frio. E o público? Alguns riram, outros aplaudiram por reflexo, e teve quem pensasse que ele estava pedindo perdão ao Lula.

O ato, batizado de “Anistia Já”, virou uma espécie de stand-up involuntário. Era para ser o grande momento de redenção, um apelo patriótico, mas saiu mais como episódio inédito de “Porta dos Fundos”. A performance incluiu bandeiras, patriotas emocionados, camiseta da Seleção (ainda manchada de 2022), e a já tradicional ausência de provas, argumentos ou multidões impressionantes.

No fundo, Bolsonaro parecia mais um candidato do “The Voice” tentando se garantir com uma versão de “My Heart Will Go On” desafinada, esperando que o técnico apertasse o botão — no caso, o STF. Mas não rolou virada de cadeira.

A ironia é que o pedido de anistia veio depois de um golpe tão mal executado que deixou até o Jô Soares, lá do além, pensando: “isso aí dá um sketch”. A tentativa de insurreição, lembrando um bloco de Carnaval que errou a avenida, terminou com meia dúzia de presos, meia dúzia de memes e uma dúzia de desculpas esfarrapadas.

E aí está ele, figura caricata, sem talento para coisa alguma, Jair, pedindo clemência, perdão, misericórdia — em português, em inglês, e se deixar, até em mandarim . Tudo em nome daqueles que trocaram o réveillon por uma barraca na frente de quartel, esperando que o Exército resolvesse a eleição com um toque de corneta.

O Brasil, esse país surrealista que mistura tragédia e pastelão em partes iguais, assistiu à cena não com revolta, mas com aquele riso nervoso de quem está preso em um looping de sitcom político. Só nos resta esperar o próximo episódio: “Bolsonaro em Paris, pedindo asilo em francês: Pardon, mon général – tentei um pequeno golpe de estado, mas não deu certo… Como diria o filósofo contemporâneo da era digital: “Se é pra passar vergonha, que seja em alto e horrível inglês” – Sem anistia!

 

Cláudio Ribeiro

Jornalista – Compositor

 

 

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