A ditadura militar instaurada no Brasil há seis décadas deixou marcas profundas na sociedade, na política e nas instituições, cujos efeitos ainda são sentidos.

Há exatos 61 anos, o Brasil mergulhava em um dos períodos mais sombrios de sua história.


Há 61 anos, o Brasil mergulhava em um dos períodos mais sombrios de sua história. Em 1º de abril de 1964, um golpe militar rompeu o Estado Democrático de Direito e instaurou uma ditadura que se prolongaria por mais de duas décadas. Esse regime foi marcado pela censura, perseguição política, tortura e assassinatos, sustentando-se pelo medo, repressão e pelo apoio de setores empresariais e midiáticos que lucraram com a supressão das liberdades individuais e coletivas.

Ao contrário das tentativas revisionistas de reescrever os fatos, o golpe de 1964 não foi uma ação em defesa da democracia ou contra o comunismo. Foi, na verdade, um movimento para derrubar um governo legitimamente eleito, impulsionado por interesses norte-americanos no contexto da Guerra Fria. Seu objetivo era barrar reformas sociais que buscavam democratizar o acesso à terra, à educação e a direitos básicos da população. A história brasileira mostra que, sempre que há avanços na garantia desses direitos, forças antidemocráticas se articulam para interrompê-los, utilizando discursos de medo e ódio para justificar retrocessos.

Os efeitos desse período ainda são profundamente sentidos. A impunidade dos torturadores e a falta de justiça para as vítimas da repressão permitiram que resquícios do autoritarismo permanecessem enraizados nas instituições. Isso se reflete na violência do Estado contra os mais pobres e na perseguição a movimentos sociais. O golpe de 1964 não é um evento isolado do passado; suas consequências ainda se manifestam na desigualdade social, no militarismo presente na política e na resistência de alguns setores em respeitar a democracia e os direitos humanos.

A universidade pública foi um dos principais alvos da ditadura. Professores foram perseguidos, pesquisas censuradas, estudantes presos e mortos. O pensamento crítico foi tratado como ameaça. Até hoje, a educação segue sendo atacada por aqueles que temem uma sociedade capaz de pensar, questionar e transformar.

Por isso, 1964 não deve ser visto como um capítulo encerrado, mas como um alerta permanente. No Brasil atual, há novas tentativas de enfraquecer a democracia. O julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, iniciado na última semana, evidencia esforços para deslegitimar o processo eleitoral e desmantelar as instituições democráticas. Da mesma forma, o debate sobre a anistia dos golpistas de 8 de janeiro de 2023 demonstra que, sem responsabilização, o autoritarismo continua encontrando brechas para ameaçar nossas liberdades.

Diante desse cenário, o Portal Brasil Cultura reafirma seu compromisso com a defesa da democracia, da memória, da verdade e da justiça. Não permitiremos tentativas de apagar a história ou de reabilitar a imagem de um regime que assassinou brasileiros e brasileiras por sua oposição ao autoritarismo. Como veículo de comunicação, temos o dever de preservar o conhecimento, estimular o pensamento crítico e garantir que as futuras gerações conheçam a verdade. O Brasil não pode mais tolerar flertes com o autoritarismo. Ditadura nunca mais!

 

 

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