Crise na I Bienal do Livro do Paraná: evento é adiado após polêmicas e críticas de autores

Prevista para outubro em Curitiba, feira literária enfrenta acusações de má gestão, cancelamentos de convidados e pedidos de reembolso. Organização promete nova data para 2026.


Portal Brasil Cultura busca esclarecimentos sobre a Bienal do Livro do Paraná

Após uma série de problemas e críticas públicas, a organização da I Bienal do Livro do Paraná anunciou que o evento não será mais realizado neste ano. A feira literária, inicialmente marcada para ocorrer entre os dias 10 e 19 de outubro, no Jockey Club de Curitiba, agora tem previsão de ser remarcada para abril, junho ou outubro de 2026.

A escritora Thalita Rebouças, uma das principais convidadas do evento, cancelou sua participação e fez duras críticas à organização em um vídeo publicado em suas redes sociais nesta terça-feira (14). “Diante de uma calúnia, precisei me manifestar”, afirmou a autora, que se disse “profundamente chateada e indignada” com a condução da feira.

Segundo Thalita, mudanças de local, falta de contratos e informações desencontradas levaram à desistência de vários autores. Ela também mencionou uma suposta “coação” por parte da diretora do evento, que teria questionado sua equipe sobre sua ida ao aeroporto. “Não aceito mentira com meu nome”, disse a escritora.


Adiada às vésperas da abertura

Cinco dias antes do início da Bienal, a organização comunicou o adiamento do evento nas redes sociais, alegando motivos operacionais, logísticos e climáticos. A feira já havia enfrentado alteração de local — do espaço Viasoft Experience, no campus da Universidade Positivo, para o Jockey Club. Segundo o jornal Folha de S. Paulo, a mudança teria ocorrido por falta de pagamento à empresa responsável pelo aluguel do primeiro espaço.

Em nota ao jornal Plural, a Cocar Produções Editoriais, responsável pela Bienal, afirmou que o cancelamento de Pedro Bial ocorreu “por questões de agenda” e que o de Thalita Rebouças se deu devido a “alteração de valores de cachê” que não pôde ser ajustada a tempo.


Autores e ex-colaboradores denunciam irregularidades

A repercussão negativa cresceu nas redes sociais. O ator e roteirista Felipe Cabral, convidado para curar uma área temática da Bienal, declarou que se afastou do projeto após perceber problemas de gestão e falta de recursos. “Perguntaram se eu podia convidar pessoas antes mesmo de receber o pagamento. Tudo errado”, relatou.

Outros participantes, como editoras e autores independentes, também relataram prejuízos financeiros e falta de transparência. O perfil @escrevagarota afirmou estar processando a organização para recuperar o valor pago pelo estande. “É o maior escândalo que o mercado editorial já viu”, escreveu o responsável pela conta.

A escritora Bianca Vital, de São Paulo, contou que investiu recursos próprios e arrecadou fundos para participar da feira, mas foi surpreendida com o adiamento repentino. “Vocês estão destruindo sonhos por pura irresponsabilidade”, desabafou nas redes.


Organização ainda não se pronunciou

O Portal Brasil Cultura tenta contato com a Cocar Produções Editoriais, mas até o momento não obteve retorno. A empresa, comandada pela produtora Lis Alves, segue em silêncio sobre o futuro da Bienal e as acusações de má gestão.

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