
Ícone da música brasileira, cantora e compositora faleceu após complicações de saúde; legado de autenticidade e coragem ecoa na memória afetiva do país.
O Brasil perdeu nesta segunda-feira (8) uma de suas vozes mais singulares e intensas. Angela Ro Ro, cantora, compositora e pianista que marcou gerações com sua arte visceral, morreu aos 75 anos. A notícia foi confirmada por sua ex-namorada, Laninha Braga, que vinha cuidando da artista durante os últimos meses de internação, e pelo produtor e amigo de longa data, Paulinho Lima.
Angela estava hospitalizada há três meses, após uma traqueostomia necessária por conta de uma grave infecção pulmonar. Fragilizada, não resistiu a uma parada cardíaca durante um procedimento cirúrgico.
Angela Ro Ro enfrentava dificuldades financeiras antes de morrer
Nos últimos tempos, a artista vinha enfrentando dificuldades de saúde e financeiras, que a levaram a recorrer às redes sociais em apelos emocionados por ajuda. “Sem perspectiva de alta ou cura para trabalhar, humildemente peço ajuda a vocês”, escreveu, em um desabafo que comoveu fãs e admiradores.
Mais do que sua trajetória pessoal de lutas, Angela Ro Ro deixa um legado artístico imenso. Dona de um timbre rouco inconfundível, interpretava com intensidade quase dolorosa, misturando MPB, blues e rock em letras confessionais que tocavam fundo. Seu álbum de estreia, lançado em 1979, é considerado um marco da música brasileira, consolidando sua imagem de artista autêntica e inovadora.
Angela também foi pioneira na visibilidade LGBTQIA+ no Brasil, assumindo sua identidade de forma corajosa em uma época em que o preconceito era ainda mais severo. Sua vida e sua obra foram, acima de tudo, testemunhos de franqueza, emoção e liberdade.
Hoje, o silêncio que fica é o da ausência de sua voz, mas também o da saudade. Uma saudade que, como suas canções, ecoará para sempre.
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