
O Portal Brasil Cultura apresenta a verdadeira história por trás da Independência
Entre os feriados nacionais, o 7 de Setembro se destaca por seu peso histórico e simbólico. Em um contexto em que o Brasil ainda enfrenta pressões externas — políticas, econômicas e culturais — vindas, sobretudo, de grandes potências como os Estados Unidos, a data ganha novos significados. Celebrar a independência é reafirmar o compromisso com a soberania nacional, num cenário onde o neocolonialismo e o imperialismo assumem formas mais sutis, mas não menos preocupantes.
A história do 7 de Setembro
A Independência do Brasil foi proclamada em 7 de setembro de 1822, às margens do riacho Ipiranga, em São Paulo, pelo então príncipe regente Dom Pedro I, no célebre brado: “Independência ou Morte!”.
Mas essa imagem clássica simplifica um processo complexo e cheio de disputas.
No início do século XIX, o mundo passava por transformações profundas. A Revolução Francesa (1789) havia difundido ideias de liberdade, igualdade e autodeterminação. Logo depois, as Guerras Napoleônicas abalaram a Europa, e Portugal foi invadido pelas tropas de Napoleão em 1807. Fugindo, a corte portuguesa transferiu-se para o Brasil em 1808, elevando a colônia à condição de sede do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves.
Com a queda de Napoleão e o retorno de Dom João VI a Portugal, em 1821, as Cortes portuguesas exigiram que o Brasil voltasse à condição de colônia, reduzindo a autonomia conquistada com a presença da corte. As elites brasileiras, temendo perder privilégios, pressionaram Dom Pedro — que permaneceu como regente — a romper com Lisboa. Foi nesse ambiente de tensão que nasceu o movimento pela independência formal.
Ao contrário do que mostra a narrativa tradicional, a separação não foi apenas fruto de diplomacia ou de um gesto simbólico. Entre 1822 e 1823, conflitos armados ocorreram em várias províncias.
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Na Bahia, tropas portuguesas resistiram até serem derrotadas em 2 de julho de 1823, na Batalha do Pirajá, decisiva para a expulsão dos colonizadores do Nordeste.
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No Grão-Pará, houve confrontos sangrentos antes da incorporação ao Império.
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No Maranhão e no Piauí, batalhas como a do Jenipapo (março de 1823) mobilizaram civis e soldados contra tropas fiéis a Portugal, em um dos episódios mais emblemáticos da participação popular.
Essas lutas revelam que, embora conduzida pelas elites, a independência também contou com resistência armada e mobilização popular em diferentes regiões do país.
Neocolonialismo e imperialismo contemporâneo
Mesmo após a independência formal, o Brasil permaneceu em relações de dependência. A ruptura com Portugal foi seguida pela influência britânica, que financiou e condicionou a consolidação do novo império.
Esse padrão de dominação indireta atravessou os séculos e se modernizou. No século XXI, manifesta-se como neocolonialismo, por meio da penetração de capitais estrangeiros em setores estratégicos, da dependência de instituições financeiras internacionais e da influência política e ambiental de potências como os Estados Unidos.
Assim, a soberania brasileira segue constantemente pressionada por interesses externos.
Por que celebrar o 7 de Setembro?
Celebrar a data é reconhecer que a independência não foi um ato isolado, mas um processo multifacetado, que envolveu:
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negociações diplomáticas,
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disputas de elites,
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resistência armada,
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e mobilização popular.
Mais que um marco do passado, o 7 de Setembro deve ser visto como um projeto em construção. A verdadeira independência exige mais do que autonomia formal: demanda justiça social, desenvolvimento sustentável, soberania econômica e voz ativa no cenário global.
Enquanto houver desigualdade extrema, submissão a interesses externos e esquecimento da memória dos que realmente lutaram, o grito de “Independência ou Morte!” permanece vivo — não como um chamado à guerra, mas como um convite à consciência nacional.
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