Do Império à República, o país enfrentou rupturas democráticas e investidas contra a ordem institucional que marcaram sua trajetória política
O Brasil vive, em 2025, um momento de grande importância histórica: o julgamento dos envolvidos na tentativa de golpe de Estado ocorrida em 8 de janeiro, quando manifestantes invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes em Brasília. Mais do que a responsabilização individual, esse processo traz à tona a reflexão sobre um traço recorrente da política nacional: as tentativas de ruptura da ordem democrática.
Ao longo da história, o país presenciou diversos episódios de golpes e conspirações que moldaram o curso de sua trajetória política. Da proclamação da República ao regime militar, passando por ditaduras e insurreições, essas investidas revelam um Brasil marcado por avanços e retrocessos institucionais.
A Proclamação da República (1889)
O 15 de novembro de 1889 ficou conhecido como o dia em que o marechal Deodoro da Fonseca depôs o imperador Dom Pedro II e proclamou a República. Embora celebrado como o início de um novo regime, o episódio foi, na prática, um golpe militar que encerrou a monarquia sem consulta popular.
A Revolução de 1930 e o Golpe do Estado Novo (1937)
Em 1930, Getúlio Vargas chegou ao poder por meio de um movimento armado que contestou a vitória do presidente eleito Júlio Prestes. O episódio, chamado de Revolução de 1930, marcou o fim da chamada República Velha.
Sete anos depois, Vargas consolidaria seu poder através do Estado Novo, em 1937. Com apoio militar, dissolveu o Congresso Nacional, cancelou eleições e governou de forma autoritária até 1945.
O Golpe Militar de 1964
Em 31 de março de 1964, forças armadas depuseram o presidente João Goulart sob o argumento de combater o comunismo e preservar a ordem. O golpe instaurou uma ditadura militar que durou 21 anos. Nesse período, o país viveu censura, cassações políticas, perseguição, tortura e supressão de direitos civis.
Tentativas de Ruptura na Nova República
Mesmo após a redemocratização, movimentos golpistas continuaram a rondar o cenário político. Nos anos 1980, durante a transição, houve conspirações militares frustradas. Mais recentemente, em meio a crises políticas e polarização, surgiram discursos e ações contrárias à ordem constitucional. O episódio mais grave ocorreu em 8 de janeiro de 2023, quando extremistas invadiram o Congresso, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal, numa clara tentativa de golpe contra o governo eleito democraticamente.
Conclusão
A trajetória brasileira revela que golpes e tentativas de golpes foram capítulos frequentes em sua história. No entanto, cada um desses episódios também trouxe resistência, mobilização social e, em momentos decisivos, a reafirmação da democracia.
O julgamento atual representa não apenas a punição legal de quem tentou subverter a ordem, mas também um símbolo da maturidade democrática do país. Mais do que nunca, a sociedade brasileira é chamada a refletir sobre o valor do voto, da Constituição e do compromisso coletivo com a preservação do regime democrático.
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