Educador negro lapidou Rui Barbosa e Euclides da Cunha

Ernesto Carneiro Ribeiro foi o único estudante negro na sua turma na Faculdade de Medicina da Bahia. Em 1864, ainda faltavam décadas para o fim da escravidão no Brasil. Se, como aluno, desde o magistério o rapaz não tinha companheiros de sua cor na sala de aula, que dirá quando assumiu a cadeira de professor. Em 1874, fundou o Colégio da Bahia. Depois, aos 45 anos, o Colégio Ernesto Carneiro Ribeiro, que dirigiu por três décadas, até a morte.

 

Não foram poucas as figuras importantes da Bahia que passaram por lá. Fazem parte da lista o escritor Euclides da Cunha e o jurista Rui Barbosa. Ernesto escreveu a primeira gramática que levava em conta a língua falada pelo povo no Brasil. Com a República, participou da elaboração de um plano de ação educacional. O jornalista Antônio Loureiro de Souza registrou que o baiano de Itaparica, “além de ser mestre da inteligência, foi, ao mesmo tempo, lapidário das almas em formação, com os seus ensinamentos, seu exemplo e a vida toda dedicada à luta pelo ensino”.

 

Ernesto Carneiro Ribeiro

(Médico e literato brasileiro )

1839 – 1920

 

 

Médico e literato brasileiro nascido em Itaparica, Estado da Bahia, filólogo de mérito e educador de amplíssimos conhecimentos, cuidadoso na correção da linguagem, foi pioneiro no Brasil de uma gramática constituída em função da língua falada. Estudou no Liceu Provincial de Salvador e na Faculdade de Medicina da Bahia, onde se doutorou (1864). Fundou o Ginásio Carneiro Ribeiro (1884), o qual dirigiu por 36 anos. A publicação dos oito volumes do Projeto do Código Civil Brasileiro, do jurista e magistrado brasileiro Clóvis Beviláqua (1859-1944), publicado pela Imprensa Nacional (1902), deu origem aos seus famosos debates lingüísticos com o famoso político e jurisconsulto brasileiro Rui Barbosa (1849-1923), em cima do Parecer desse senador sobre a matéria. A Imprensa Nacional editou os oito volumes do Projeto de Clóvis Beviláqua, e, ao mesmo tempo, o Parecer do senador Rui Barbosa sobre a matéria. Envolvido a contragosto na apreciação do projeto, iniciou com Rui Barbosa, seu antigo aluno, a polêmica, destacando certos aspectos do português no Brasil que não eram percebidos pelos gramáticos, tornando-se no país o pioneiro de uma gramática constituída em função da língua falada. Sobre o assunto publicou A redação do projeto do código civil (1902) e A réplica do dr. Rui Barbosa (1905) e faleceu em sua terra natal, em 13 de novembro (1920), com 81 anos.

 

 

 

 

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