Cláudio Ribeiro, um dos autores do Hino Oficial do Coritiba

001cccrantoninaaaCláudio Ribeiro, um dos autores do Hino Oficial do Coritiba Foot Ball Club, cuja letra e música foram desenvolvidas e criadas em parceria com Homero Réboli.

Nome: Cláudio Benito Antunes Ribeiro
Nascimento: 20 de Setembro de 1953.
Local: Curitiba/PR
Ídolo: Ribeiro, pai de Cláudio Ribeiro, bicampeão pelo Coxa na década de 50, uma das primeiras contratações profissionais do Coritiba, jogava na intermediária.

Cláudio Ribeiro, intelectual e militante da esquerda, tem formação em Direito, é jornalista, radialista, escritor e compositor. Atualmente ocupa o cargo de Presidente da União Paranaense de Escritores – UBE – PR, Coordenador do Fórum Permanente de Cultura do Paraná.

A música é uma das mais sublimes formas de sentimento. Porque as pessoas precisam cantar ou ouvir músicas? O que faz nossa torcida cantar alucinadamente “Coxa eu te amo! Coxa eu te amo!”?

Resposta: Para os antigos chineses, a musica representava a harmonia perfeita entre o Céu e a Terra, a síntese do Universo. Ao cantar Coxa eu te amo! Estamos recuperando o caráter universal da musicalidade exalando sonoramente nosso sentimento, deixando a vida em harmonia!

Cláudio, para mim, um Hino de um clube de futebol é uma das maiores formas de demonstração de amor. Quais os pontos principais que você e o Homero Réboli procuraram enfocar quando da criação do Hino?

Resposta: Música é movimento, é sentimento, é consciência do tempo-espaço. Ritmo; sons, silêncio e ruídos; estruturas que engendram formas vivas. Palavras não bastam para expressar o sentimento de amor que nos envolveu, Homero e eu, ao compor a música para o Clube de nossa paixão. Tão grande é a correspondência entre a música criada e nossa alma que vezes sinto que cada nota corresponde um pouquinho de nossas vidas!

Um dos maiores momentos da minha vida de torcedor do Coxa aconteceu na decisão do título de 2003. Antes do jogo, 55 mil torcedores do Coritiba cantaram em uníssono o Hino do Clube. O que representou para você aquele momento?

Qual a importância da torcida na vida do Coritiba? Um clube de futebol tem o jeito de sua torcida?

Resposta: Há infinitas maneiras de ouvir música. Confesso que naquela decisão, tive a clara sensação de que os torcedores como eu, ouviam o Hino com o corpo, ouviam emotivamente e ouviam intelectualmente. Ao ouvir com o corpo estávamos empregando naquele momento inesquecível como você falou, não apenas os ouvidos, mas a pele toda, que também vibrava ao contato com o dado sonoro de 55 mil torcedores. Era o misturar o pulsar do som com as batidas dos corações de cada Coxa-Branca. Tive exata dimensão de que a música composta pela dupla Homero e Cláudio, não era apenas uma referencia musical para esta ou aquela emissora de rádio ou para um evento. Era sim, o canto de uma nação, de uma raça, por isso que o Hino Oficial se plasmou ao corpo de cada torcedor. A Segunda maneira que ouvimos o Hino, naquele jogo, foi no campo dos sentimentos, da emotividade. E ao ouvir emotivamente, ouvimos nós mesmo do que propriamente a musica. Usamos sem saber do Hino Oficial a fim de que ele despertasse e reforçasse algo já latente em cada torcedor que era o sentimento de união. Daí se deu o clima. E ao ouvir o Hino Oficial, intelectualmente é dar-se conta que ele tem, como base, estrutura e forma. Cultura e História. Traços do corpo e do coração.

O futebol brasileiro vem mudando. O que o torcedor pode esperar de melhoria para o esporte? O que precisa ser aprimorado?

Resposta: O futebol e os clubes brasileiros devem passar por uma reorganização. A maioria encontra-se estágio pré-falimentar, são organizados de forma pouco democrática. E não podemos esquecer a triste figura do dirigente que, como muitos políticos priorizam interesses próprios. Eu diria que a situação atual financeira de muitos clubes deve-se, em muito, às seguidas administrações equivocadas, obras de dirigentes vezes incompetentes, vezes mal intencionados. A palavra é ética. No caso do futebol é a Ética Social.

Estatuto do Torcedor”: a “raison d’etre do futebol, um novo “Código de Amurabi”? É isso mesmo? Não existe uma preocupação maior na forma do que no conteúdo? Ou essa legislação faz parte do início de um longo processo de mudança organizacional, comportamental e cultural, tal qual uma ponta do iceberg? Será que algumas mudanças fundamentais para e boa existência do futebol não deveriam ter sido abordadas também no Estatuto?

Resposta: O Código de Hammurabi é uma coleção de leis contendo uma consolidação do direito sumeriano mandada fazer por Hammurabi, rei da babilônia, que como se sabe não jogava futebol e nem buscava igualdade. Ainda que o futebol exercite potencialmente uma experiência de igualdade entre os competidores e torcedores, na observância das regras do jogo (impondo uma cisão somente pelo desempenho, destreza, técnica ou sorte), por outro lado, constata-se que entre os torcedores (ou mesmo a política praticada por cartolas e ou dirigentes) impõem-se estruturas mais pessoais, relacionais e recíprocas, que convivem com a dinâmica impessoalizada da competição em si. O futebol jogado, administrado e, acima de tudo, vivido no Brasil dramatiza as duas noções: a da igualdade da regra e da hierarquia. Sociabilidade e conflito portanto, fazem parte do universo do futebol. É preciso reorganizar. É preciso revolucionar.

Fico me perguntando se o futebol brasileiro ainda não é dirigido por meia dúzia de coronéis. Às vezes saio do Couto tendo a nítida impressão que o Estatuto serviu para trocar pepitas de ouro por espelhinhos… Estou sendo muito pessimista?

Resposta: O futebol é entendido e definido, como esporte, porém é também uma forma de lazer, uma forma de arte e uma atividade econômica. Mas vai alem. Pode ser instrumento de reforma social.

O futebol vive talvez uma das mais sérias crise dentro e fora do gramado. A administração do futebol parou no tempo, não acompanhou o desenvolvimento das novas técnicas de gerência, e ainda não compreendeu que o publico, o consumidor, é a razão de sua própria existência enquanto atividade econômica. A falta de criatividade nos nossos dirigentes com as coisas do futebol tem acarretado a perda de terreno para outros esportes e outras formas de lazer, além de inviabilizá-lo economicamente.

O futebol tem algumas injustiças. Hungria 54, Holanda 74, Brasil 82. Às vezes, derrotas tão inesperadas quanto trágicas, quebraram o encanto da magia do futebol. Se você tivesse poder de mudar a história de algum jogo do Coritiba, que jogo seria esse?

Resposta: Olha, parafraseando o Armando Nogueira, penso que quando determinado jogador faz um gol, ele em verdade, esta apenas cumprindo os desígnios deste torcedor coxa branca que vibra na arquibancada. Tem vezes que me projeto na imagem deste ou daquele ídolo, só com uma diferença: não desperdiço jamais uma bola. Quicou na minha frente, não tem perdão: é gol. Por isso, o Cláudio como qualquer outro torcedor é tão impiedoso com as falhas de seu herói. Nunca errei um passe e muito menos um chute. Cheguei a perder a conta dos gols que fiz com os pés que nunca foram meus. Como qualquer outro torcedor mudaria qualquer placar adverso!

O que pode e deve ser feito para ampliar e melhorar a preservação da história do Coritiba? O que o torcedor pode fazer para ajudar nesse processo?

Resposta: Ação é um processo com inicio claro e armado, sem etapas ou estações intermediárias. Não há um ponto final para a ação. Na ação geramos um processo não um objeto. É preciso entender e fazer valer a palavra PARTICIPAR na soma com a palavra AÇÃO. PARTICIPAÇÃO!

O Coritiba não é um clube de torcida estadual, como os dois principais times gaúchos e mineiros. O que pode ser feito para tentar ganhar torcedores por todo o estado do Paraná?

Resposta: Coisas simples. Pergunto: todas as emissoras de rádio do Paraná contam com o CD do Hino Oficial do Clube? Existe alguma política de resgatar a capacidade de emocionar com objetivo de aglutinar novos torcedores? Há de se ter uma programação acessória aliada à reformulação do conceito do futebol/clube/torcida. Esta programação pode ser montada com facilidade, a custos baixos, contando, inclusive, com o patrocínio das empresas de torcedores Coxas, que tem suas filiais em cidades paranaenses. O público do futebol, como o do teatro, cinema ou qualquer outro espetáculo, busca entretenimento, diversão e EMOÇÃO. Alias, o futebol apresentado na grande maioria dos estádios brasileiros, como eu digo, palco deste espetáculo, vem perdendo a capacidade de oferecer ao público os ingredientes como diversão, entretenimento e emoção. Um jogo poderá ser precedido por promoções culturais, artísticas. Trazer músicos, atores, artistas plásticos que torçam para o Coritiba. E não são poucos. Devem ser divulgadas como parte integrante de um espetáculo. O artista não cobraria nada para a apresentação. Só a divulgação. O Clube ganharia em respeito. Reformulando, apresentando uma cara absolutamente nova, iríamos recriar o hábito no torcedor de optar pelos estádios como forma de lazer. Para auxiliar na conquista ou na reconquista deste público o espetáculo poderá ser enriquecido com a emissora do Coxa (Rádio Coxa) no Estádio como parte de uma programação complementar. E eu com minha experiência (graciosamente). estaria disposto a participar, fazendo um verdadeiro programa que poderia inclusive ser retransmitido pela Internet. Basta lembrar os programas que já comandei. É preciso empunhar as bandeiras que cortam o vento com as cores verde – branca, em uma celebração à alegria de ser Coxa em cada canto do Paraná e do Brasil!

Cite algumas vivências que marcaram sua vida como torcedor do Coritiba.

Resposta: Ser filho do Ribeiro – Bicampeão pelo Coritiba. Ter sido vice-presidente por escolha do grande Evangelino da Costa Neves. E ser co-autor do Hino Oficial do Clube de minha paixão!

A Diretoria do Coritiba está fazendo um projeto junto a CBF, visando a homologação do Torneio do Povo, como torneio oficial. Se homologado este título daria ao Coxa o direito de colocar mais uma estrela na camisa. Você é a favor ou contra essa segunda estrela?

Resposta: Basicamente os destinos do futebol são ditados pela Confederação. Essa instituição é organizada de forma pouco democrática e detém índices de baixa eficiência. Se caso algum Clube do eixo Rio-São Paulo estivesse na situação do Coritiba com relação ao Torneio do Povo, não tenho a menor duvida de que já teriam reconhecido aquele evento para efeito de estrela em suas camisas. Feio ou bonito primeiro o nosso!

O CORITIBA é tido como o time da raça. Cite um jogador que parecia ter a camisa Alviverde colada à pele.

Resposta: Kriguer. É o primeiro nome que me vem a mente, mas claro que há outros tantos nomes e não quero cometer injustiças.

Cite um jogo onde a participação da torcida Coxa foi inesquecível.

Resposta: Você mesmo já mencionou um importantíssimo. Decisão do Titulo de 2003. Foi de arrepiar ouvir a torcida em uníssono, cantando: “Coxa! É Raça! É Força! É Tradição!…Lá no Alto de Tantas Glórias…”

Assim como tem pontos fortes, O Coritiba tem pontos que precisa melhorar. Na sua ótica, quais são os pontos fortes e fracos do Coritiba?

Resposta: O fator negativo é a visível e inegável dificuldade que a nação Coxa vem enfrentando para conduzir e equilibrar seus orçamentos. Fatores internos e externos, espero que transitórios, influenciam de forma negativa o atual momento da direção. Um dos pontos fortes é que o Coritiba é uma instituição com poder de integração do povo paranaense. Ele tem a cara do Paraná. Ele é o artífice da construção do novo futebol do estado. Foi o primeiro no Paraná a ser Campeão Brasileiro, isso não é pouca coisa não. Tem sido seu operador político (se há o respeito com o futebol praticado no PR, tudo começou com o Coxa), e justamente por isso deve sensibilizar seus torcedores para a mais ampla participação mostrando claramente que há uma nova realidade futebolística no país e tem um nome: Coritiba F. C.

O Coritiba está passando por um processo de mudanças internas. O que você imagina para o Coritiba do ano de 2013?

Resposta: Um Clube que se queira grande necessita de organização renovada e oxigenada, de forte presença de seus torcedores e associados em todos os cantinhos de sua organização, respeitando sua historia e seu passado. Sendo o pioneiro, no futebol paranaense, a iniciar o processo de profundas mudanças, estrutura de funcionamento, estádio, plantel, direção, etc., o Coritiba deverá romper com verdades absolutas de concepções atrasadas sempre levadas por análise estreitas (os adversários), adequando-se à dinâmica do tempo que vivemos, olhando decisivamente para o futuro sabendo que enfrentará os novos desafios com Força – com Raça escorado em sua Tradição!

A torcida jovem do Coritiba tem crescido bastante, mas não vivenciaram as glórias do Coritiba de décadas atrás. Agora uma nova fase de vitórias renasceu? O que o torcedor Coxa pode esperar para esse brasileirão?

Resposta: Já disse que a virtude maior de um torcedor é paciência. Esperança e paciência!A paciência para o torcedor e a mais heróica das virtudes.

Cláudio, tempos atrás, falei com o Vinícius Coelho. Ele me falava do “Coritiba, o mais amado do Paraná!”. Essa marca precisas ser vivida nos corações dos torcedores Alviverdes?

Resposta: Primeiro, meu respeito ao grande Vinícius Coelho. Colega, amigo e parcerinho de sonhos e de muitas frustrações. Trabalhamos juntos em algumas emissoras de rádio e jornal. Capitulo especial da história do Coritiba. Não é só um jornalista e um crítico esportivo atilado nos domínios do futebol: é também um torcedor Coxa que a tempos tem um credito com a nação verde e branca, carecendo de homenagem. Segundo é preciso espalhar a loucura de ser torcedor. Shakespeare diria que da mesma forma que tudo é mortal na natureza, pode dizer-se também que todos os que amam estão mortalmente atacados de loucura.

Cláudio, uma mensagem para os novos torcedores do COXA.

Resposta: Torcedor o aborrecimento eventual que tenhamos com o Coxa é um mal que se cura sempre com as alegrias que dele recebemos. E ai esta musica e poesia, minha e de Homero, pronta para ser usada e vivida. Já que o torcedor Coxa tem a vida que não se guarda nem se esquiva, assustada. Vem do Alto de tantas Glórias onde Brilha um Novo Sol. Para ser usada e vivida. Pois a torcida Coxa-Branca tem um canto que não se guarda pois tal como a própria torcida este canto não se esquiva e nem se assusta. Ecoa de um Palco de Artistas Jogadores de um Passado sem Igual sempre a serviço de uma bandeira verde e branca. Mais do que palavras o Hino Oficial do Coritiba traz sentimentos. Neste hino de amor nomes como: Iwersen, Fedato, Hamilton, Renatinho, Ze Roberto, Ribeiro, Dietrich, Hidalgo, Vava, Alex, Aladin, Rafael, Jairo, Kriguer, Dirceu, Pachequinho, Nilo, Gino, Oberdã, Celio, Osvaldo, Negreiros, Sicupira, Constant Fruet, Couto Pereira, Cícero Bley, Lula, Pizzato, Essenfeder, Dioniso, Cândido Chagas, Ivo, Tião Abatia, Cláudio, Nico, Julinho, Bequinha, Duilio, Miltinho, Guimarães, Faisal, Anibeli, Orlando, Carazzai, Aryon Cornelsen, Amancio Moro, Michel Zaidan, Evangelino da Costa Neves, Sérgio, Jacob, Osna, Fábio, Merlin, Kosilek, Leocadio, Lela, Índio, Giovani, Luiz, Francis, Vinícius, etc., etc., etc., estão presentes entoando numa só voz, somando-se a de tantos e tantos outros nomes conhecidos ou não, cantando o Coritiba que Jogando pelos Campos Brasileiros, vem Despertando na Torcida Emoção e unidos na mesma bandeira cantamos – Coxa! Coxa! É Força! É Raça! É Tradição!

Lembrando sempre que a música e no nosso caso, o Hino Oficial, enquanto elemento de expressão e comunicação, é parte fundamental da maneira pela qual o torcedor aprende a viver o clube de sua paixão! Abraços.

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