Sucesso na pandemia, cinemas drive-in perdem força com flexibilização

 

A pandemia paralisou muitas atividades culturais, mas também impulsionou outras. O cinema drive-in, popular nos anos 50 e 60 do século passado, foi uma das alternativas pensadas pelos empresários na área cultural para oferecer entretenimento com segurança. Em março de 2020, existia apenas um drive-in no país. Durante a pandemia, novos 34 estabelecimentos investiram no modelo de cinema com público dentro dos carros. O momento atual, com a reabertura de cinemas tradicionais, é de redução no movimento e no número de drive-in.

Atualmente são 27 cinemas drive-in no Brasil, oito a menos que no auge em julho deste ano. A tendência é de queda acentuada até o final do ano em razão da concorrência com outras atividades culturais. O sucesso da empreitada pode ser medido pela bilheteria durante o período. O Cine Drive-In Brasília, inaugurado há 47 anos, aproveitou a escassez de lazer por causa da pandemia e liderou a bilheteria do país de março a primeira semana de outubro, quando as salas de cinema do Rio de Janeiro reabriram parcialmente.

O Cine Drive-In Brasília é administrado por Marta Fagundes, que herdou o negócio do pai. O estabelecimento passou por diversas crises ao longo dos anos, e foram sucessivas campanhas para valorizar o drive-in. O local é um símbolo para os moradores da cidade, que durante o período pandêmico recorreram ao cinema a céu aberto como lazer. Entretanto, a reabertura de locais tradicionais do cinema afetou a frequência ao cinema drive-in. Segundo o portal Filme B, especializado em dados do audiovisual, os cinemas tradicionais responderam por 98,3% da bilheteria nacional no último fim de semana.

Enquanto o Cine Drive-In Brasília planeja permanecer no mercado, outros investidores consideram adaptar o empreendimento a um calendário temporário. É o caso do Belas Artes Drive-in, projeto inaugurado em junho e que recebeu cerca de 15 mil carros no pátio Memorial da América Latina. O local fechou os portões depois de quatro meses de funcionamento e o empresário André Sturm pretende reabrir o drive-in por 40 dias no meio de 2021.

Outro drive-in que encerrou as atividades foi o Drive-In das Artes, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Também inaugurado em junho, o cinema montado no estacionamento da Cidade das Artes fechou há quase um mês. Segundo os administradores, os primeiros meses foram de lotação máxima, mas a partir de setembro o movimento diminuiu.

O Telecine Open Air Drive-In, na Marina da Glória no Rio de Janeiro, recebeu em três semanas de atividades o que costuma receber em suas arquibancadas em duas sessões tradicionais lotadas. O Drive-In Lagoa, de frente para o Cristo Redentor, amargurou um prejuízo de R$ 100 mi em dois meses e encerrou as atividades. O LoveCine, drive-in que ocupou o estacionamento da Jeunesse Arena no Rio, recebeu 17 mil veículos entre junho e agosto e agora se transforma em uma arena de shows e gastronomia – LovePark.

Entre as queixas dos investidores estão a falta de apoio do setor cultural, assim como de patrocinadores, além da concorrência de outras atividades culturais. Em São Paulo e Rio de Janeiro, cidades que concentram grande parte das iniciativas de drive-in, a flexibilização afetou o rendimento desses estabelecimentos e aumento o desafio para os cinemas drive-in prosperarem sem o cenário de pandemia.

Com informações de Folha de S.Paulo

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