Paraty e Ilha Grande podem se tornar Patrimônio Mundial

Candidatura será apreciada pelo Comitê do Patrimônio Mundial em reunião de 30 de junho a 10 de julho, em Baku, no Azerbaijão

O reconhecimento de Paraty e de toda a região da Baía da Ilha Grande como Patrimônio Mundial poderá representar avanços importantes para a região (Foto: Oscar Liberal)

O Brasil tem tudo para ter mais um bem reconhecido como Patrimônio Mundial. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) recebeu nesta terça-feira (14), da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), parecer técnico favorável ao reconhecimento de Paraty e Ilha Grande, em Angra dos Reis, como sítio misto de excepcional valor universal. A candidatura defende que, além de sua riqueza cultural, o sítio encanta por sua exuberante beleza natural.

 

A candidatura será apreciada pelo Comitê do Patrimônio Mundial em reunião de 30 de junho a 10 de julho, em Baku, no Azerbaijão. Com base no parecer emitido pelo Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (Icomos) e a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), órgãos assessores da Unesco, a expectativa é de grande otimismo.

 

“O dossiê demonstra como cultura e natureza se integram no território. Nas comunidades tradicionais ou no próprio sistema de drenagem de Paraty, que respeita o movimento das marés, temos uma lição de cuidado com o meio ambiente”, afirma o diretor de Cooperação e Fomento do Iphan, Marcelo Brito.

 

O sítio abrange um território de 204 mil hectares, em que o centro histórico se cerca de quatro áreas de preservação ambiental. Com áreas cobertas de vegetação primária, ali estão o Parque Nacional da Serra da Bocaina, o Parque Estadual da Ilha Grande, a Reserva Biológica Estadual da Praia do Sul e a Área de Proteção Ambiental de Cairuçu. Desde a Baía da Ilha Grande, são 187 ilhas cobertas de vegetação primária. Nesse extenso território, encontra-se um sistema cultural baseado nas comunidades tradicionais, no qual se vê estreita relação entre cultura e biodiversidade.

 

A candidatura é fruto de parceria entre o Ministério do Meio Ambiente, o Iphan, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e as prefeituras Municipais de Paraty e de Angra dos Reis. Os órgãos responsáveis pela candidatura estão construindo, em parceria, um plano de gestão compartilhada do sítio.

 

Expectativa de reconhecimento

O Brasil defende o reconhecimento da paisagem espetacular com montanhas cobertas de densa floresta primitiva, em área de reserva da biosfera da Mata Atlântica. O local abrange um sistema cultural de comunidades e festas tradicionais, como a Festa do Divino Espírito Santo de Paraty e o próprio centro histórico.

 

A IUCN aponta que o sítio possui uma grande variedade de plantas endêmicas representativas da biodiversidade da Mata Atlântica, com 57% do total de espécies de aves endêmicas do bioma. Segundo o parecer do Icomos, a área ilustra a interação excepcional entre pessoas e natureza ao longo do tempo, em que os testemunhos culturais incluem o centro histórico e uma variedade de sítios arqueológicos locais, incluindo a antiga Rota do Ouro e comunidades que mantêm sua relação ancestral com o paisagem, todos formando um sistema cultural com um relação com o meio ambiente.

 

Ali estão comunidades tradicionais, como dos Quilombolas, Guaranis e Caiçaras, que mantêm o modo de vida de seus antepassados, preservando seus ritos, religiões e festividades. A relação com o meio ambiente está enraizada na tradição local. O núcleo urbano guarda a história de rotas coloniais, que se abrem para o mar e para a terra, em contato com comunidades tradicionais em ambiente nativo.

 

O reconhecimento de Paraty e de toda a região da Baía da Ilha Grande como Patrimônio Mundial poderá representar avanços importantes para a região. Além de dar visibilidade internacional a esse importante destino brasileiro, o título cria um compromisso do país perante a comunidade mundial, na proteção do sítio histórico e natural. Por exemplo, o Conjunto Moderno da Pampulha recebeu o reconhecimento da Unesco em 2016. Desde então, o sítio recebe cerca de 50 mil visitantes a mais, por ano.

 

Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan)

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