Dois séculos de cultura e sociedade revisitados

 

Nova edição da Revista USP traz dossiê sobre a cultura no Brasil nos últimos 200 anos. O volume faz parte da tetralogia especial sobre o bicentenário da Independência

“Não é tarefa simples construir um projeto de edição que contemple dois séculos de produção cultural, capaz de percorrer o período que medeia desde a Independência política do Brasil, em 1822, aos dias atuais”. É dessa forma que a socióloga e vice-reitora da USP Maria Arminda do Nascimento Arruda inicia sua apresentação à edição 133 da Revista USP. Coordenado por ela, que também é professora da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH-USP), este novo número da revista é o segundo volume de uma tetralogia especial dedicada ao bicentenário da Independência do Brasil. O primeiro, que traz um dossiê sobre economia, foi lançado em março passado. Este novo dossiê que acaba de ser lançado trata de Cultura e Sociedade.

Nos próximos números, a Revista USP – editada pela Superintendência de Comunicação Social (SCS-USP) – vai publicar dossiês sobre política (coordenado pelo professor José Álvaro Moisés, docente da FFLCH e colunista da Rádio USP) e ciência e tecnologia (coordenado pelo professor Glauco Arbix, docente da FFLCH e coordenador do Observatório de Inovação do Instituto de Estudos Avançados da USP), completando a tetralogia.  A nova edição da revista está disponível na íntegra, gratuitamente, neste link.

A tarefa de construir esse novo dossiê pode não ter sido simples, como bem colocou a professora Maria Arminda, que explicou: “Por inúmeros motivos, dos mais substantivos, que pressupõem pensar conceitualmente a existência de uma cultura nacional, tomada de maneira integrada, caracterizada em termos identitários, ou de modo relativo, reconhecendo as múltiplas dimensões e os variados contextos sociais a serem contemplados pelo elenco dos temas e setores da produção cultural selecionados”, afirma ela, em sua apresentação. O desafio, no final das contas, encontrou um resultado dos mais robustos e essenciais para discutir – mais, entender – as questões que permeiam cultura e sociedade no Brasil nos últimos duzentos anos. Afinal, como bem afirma a coordenadora do dossiê, “as relações entre a cultura e a constituição do Brasil são extremamente complexas. Em termos precisos, refere-se ao modo como intelectuais e artistas, sob as mais diversas orientações ideológicas, pensaram o país e conformaram uma ideia de nação”.

Maria Arminda do Nascimento Arruda - Foto: Cecília Bastos

Maria Arminda do Nascimento Arruda – Foto: Cecília Bastos

Foto: Reprodução/Tarsila do Amaral

Ao todo, são oito artigos que abordam temas como “O sequestro da Independência”, que “revê a lenda dourada da Independência”, como afirma a autora, a professora da FFLCH Lilia Moritz Schwarcz;  “Outros modernismos – uma questão de mérito, não de ritmo”, de Luís Augusto Fischer, professor de Literatura Brasileira da UFRGS;  “A questão nacional no Centenário da Independência: uma nação em busca da modernidade”, da professora aposentada da FGV-RJ Marly Motta e “O Brasil na América Latina”, de Alejandro Blanco (Universidade Nacional de Quilmes, Argentina) e Luiz Carlos Jackson (FFLCH), que contextualiza os processos de produção e circulação do livro Dependência e desenvolvimento na América Latina (1969), de  Fernando Henrique Cardoso (1931-) e Enzo Faletto (1935-2003).

 

O dossiê sobre Cultura e Sociedade é concluído com um “Posfácio digressivo”, de autoria do sociólogo e professor da FFLCH Sergio Miceli. “A embolada de efemérides em 2022 acirra o embate entre interpretações, dando a ver os arrazoados de arbítrio em torno da definição legítima do episódio – por exemplo, a Independência do país (1822), a Semana de Arte Moderna (1922) –, bem como dos impactos na sociedade e na cultura brasileira”, escreve Miceli.

 

Foto: Reprodução/Pedro Américo

A edição 133 da Revista USP ainda apresenta as seções “Textos”, “Arte” e “Livros”, em um total de seis outros artigos, como a relação do francês Fernand Braudel com a USP, de autoria de Lincoln Secco, e “O sentido da participação social na cultura”, do ex-ministro da Cultura Juca Ferreira.

Texto: Redação

Arte: Adrielly Kilryann e Rebeca Fonseca

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