TURISMO CULTURAL – PARANÁ

 

Introdução
O homem é um ser compelido a aprender sempre mais a respeito de um número sempre maior de idéias e fatos, tanto por sua necessidade inata de evoluir como pelas inúmeras exigências de respostas às expectativas do grupo social a que pertence.

O turismo cultural é típico, pois acontece de maneira diversa dos demais tipos de turismo, que geralmente se caracterizam pela permanência e atividades que traduzem lazer, repouso e descompromisso.

As características básicas ou fundamentais do turismo cultural não se expressam pela viagem em si, mas por suas motivações, cujos alicerces se situam na disposição e no esforço de conhecer, pesquisar e analisar dados, obras ou fatos, em suas variadas manifestações, como: representações religiosas, rotas, festivais de música, cinema e teatro, cavalhadas, exposições de arte, entre outras.

Na delimitação conceitual do turismo cultural, o termo cultura é natural, puro e amplo, pois abrange tanto a cultura própria do turista como o conjunto de hábitos, idéias e criações que ele pode assimilar ou não, em seu contato com novas realidades e convivências diferentes.

Histórico
“As origens étnicas do Paraná Tradicional são as mesmas dos outros estados brasileiros: portugueses, luso-brasileiros, mamelucos, negros e índios, estes últimos fator racial e cultural muito importante na formação do Paraná.

Os imigrantes aqui chegados, já encontraram aquelas cidades, vilas e freguesias que existiam no Paraná na época de sua emancipação política de São Paulo (1853). Assimilaram rapidamente a cultura tradicional brasileira, num esforço de sobrevivência, chegando ate a ocorrer o fenômeno do “acaboclamento”, onde teriam, perdido a maioria de seus traços culturais, isso nos meios rurais.

A cultura portuguesa aqui chegou através do paulista luso-brasileiro e mameluco. Os povoadores das duas primeiras vilas, Paranaguá e Curitiba, descendiam das mesmas famílias e eram aparentados entre si.

Essa cultura está na base de todos os costumes e hábitos, exteriorizando-se com mais realce nos fatos da linguagem e aos que se ligam às tradições religiosas, aos divertimentos e à educação familiar. Essa herança poderosa de quatro séculos está presente ainda no Paraná na vida familiar urbana e dominante entre os caboclos, herdeiros diretos dessas tradições seculares.

Ainda hoje vemos o caboclo tanto do interior como do litoral, prestativo e hospedeiro, sendo no entanto interessante assinalar diferenças observadas entre os habitantes do planaltos e do litoral. O fandango, no litoral, demonstra a atualidade da cultura portuguesa. A cultura indígena está presente na denominação da maioria dos acidentes geográficos, dos vegetais, animais, de comidas e implementos necessários à manutenção. O artesanato desses implementos, suas técnicas de feitura e seu uso conservam os padrões. São trançados, cestarias, redes, armadilhas, todo um complexo que permitiu ao homem branco sobreviver no solo desconhecido.” (Roselys v. Roderjan)

O Paranismo
Origens e Pioneiros – Movimento nativista por exacerbado sentimento de justiça, por causa do abandono e desprestigio sofrido pelo Paraná, desde os tempos da Guerra do Paraguai até o caso do Contestado. (Prof. David Carneiro).

O vocabulário “paranismo” foi usado pela 1ª vez em 1906, por Domingos Nascimento.

Seu significado é “natural e amigo do Paraná”, esforçado pelo seu progresso, prestígio e integridade paranista.
“Centro Paranista” foi criado em 1927, por Romário Martins, Paranista é então “todo aquele que tem pelo Paraná uma afeição sincera”.

Paranismo é o espírito novo, de exaltação idealizador de um Paraná maior e melhor pelo trabalho, pela ordem, pelo progresso, pela bondade, pela justiça, pela cultura, pela civilização (Romário Martins).

MANIFESTAÇÕES POPULARES

O folclore musical está presente nas brincadeiras infantis desde as canções de roda aos brinquedos cantados por lendas e pequenas canções para o desenvolvimento da linguagem e do raciocínio. A viola sertaneja acompanha as toadas, as modas, os romances e desafios, onde a alma do cabloco extravasa toda a sua ternura, angústia, lirismo, seu senso de humor e sua filosofia de vida.

Fandango
Rico depositário de canções e ritmos é o fandango suite ou reunião de várias danças que encerram ainda autêntica poesia cabloca nos cantos que as acompanham. É um translado da Península Ibérica. A melodia e os versos entoados no fandango pelos violeiros e pelo coro, contém originalidade, lirismo e humor, levando-nos a admirar a imaginação e a sensibilidade do nosso cabloco. Sua coreografia variada e difícil, exige técnica, atenção, agilidade, preparo e calçados especiais para o sapateado.

As mulheres valsejam arrastando os pés, atentas as evoluções, enquanto os homens sapateiam num ritmo certo, seguindo o acompanhamento das violas e dos adufos. As mulheres chamadas damas ou folgadeiras (porque dançam na folga), encarregam-se da coreografia. Os cavalheiros ou folgadores batem o sapateado com tamancos de madeira de lei, que eles mesmos confeccionam. O acompanhamento é feito com duas violas de onze cordas, adufos(pandeiros) e uma rabeca.

O canto é puxado pelos dois violeiros ou cantadores, a duas vozes, com textos tradicionais ou improvisados. O fandango dançado nos sítios pode ser fandango de pichirão (quando os vizinhos auxiliam o dono da casa nos trabalhos da roçada ou de plantação) ou fandango de finta, organizado de um momento para outro, com coleta de dinheiro para a compra dos preparos, dançando na folga do sábado para domingo.

Congadas
Dramatização épica declamada, dançada e cantada ao som de instrumentos, com caracterização dos personagens. Trata de diálogos e lutas travadas entre duas embaixadas africanas, entremeados de louvores a São Benedito.Historicamente a congada realizou-se na Lapa desde a época do Império, sempre no Ciclo de Natal, particularmente no dia 26 de dezembro, incorporada à Festa de São Benedito.

O auto é cantado e acompanhado de instrumentos de percussão (tambores), uma rabeca e as vezes sanfona.São personagens da congada: o Rei, a Rainha, o Reizinho, o Príncipe, o Secretário, o Porta-Bandeira e mais seis a oito Fidalgos, todos pertencentes ao “campo de cima”, isto é, à corte do Rei Ganaiame. No “campo de baixo”, apresenta-se a Embaixada da Rainha Ginga, formada do Embaixador, do Cacique, do Sobrecacique e de doze Conguinhos (o exército da Rainha) que são crianças.No início, após a fala do Rei Ganaiame, seus Fidalgos se apresentam e dançam, em filas opostas, as danças das espadas e dos bastões.

Com a invasão ruidosa e impertinente do campo de baixo (outro extremo do local de apresentação) pela Embaixada da Rainha Ginga, o Rei Ganaiame se irrita e manda prender o Embaixador. Discutem todos e os Fidalgos simulam na sua movimentação uma guerra, depois da qual é preso o Embaixador. Porém, após suas explicações, é perdoado pelo Rei e despede-se da corte com os Conguinhos, que cantam e dançam no final. Retira-se a Embaixada e, após, o Rei, a Rainha, o Reizinho e os Fidalgos também saem, fechando o cortejo.

Boi-de-Mamão

Dramatização cômica com cantos e improvisos acompanhados de instrumentos. É constituído de “cenas”, onde são apresentados personagens e animais fantásticos, que aumentam sempre o cortejo, anunciado pelos cantadores. O ponto culminante é a morte de Mateus que levou violenta chifrada do Boi e seu atendimento pelo Doutor que vem trazido pelo cavalinho.

O personagem mais popular é a Bernunça (animal fantástico que devora as crianças). Levado entre o Natal e o Carnaval, com mais freqüência no litoral. Apresenta como introdução a dança do pau-de-fita e a dança das balainhas.

Bandeiras ou Folias do Divino
Peditório feito em 40 dias após a Semana Santa culminando no mês de julho. Os foliões percorrem a região (no litoral, em canoas) cantando, pedindo prendas, pousada e bênçãos aos donos da casa. Ao retornarem, as prendas são entregues ao festeiro.

Folias de Reis
Cantoria de louvação por foliões que personificam os Reis Magos. É realizada nos sítios próximos à localidade principal, entre 3 e 6 de janeiro, durante à noite. No dia 6 retornam e são recebidos nas casas do povoado, terminando a devoção com louvores cantados, em frente a um presépio, armado geralmente ao lado da igreja.

Romaria de São Gonçalo
Reza do “terço” pelo capelão e dança, realizada por duas fileiras opostas de homens e mulheres, que dançam em frente à imagem do santo, em pagamento de promessas. A dança é “puxada” pelo “mestre” e pelo “contra-meste”que cantam acompanhando-se de viola e pelo reforço vocal das “cantadeiras”. A coreografia é complicada e divide-se em “passos”.

Pode-se repetir várias vezes a dança ou as “voltas”, dando oportunidade a outros fiéis de dançarem. Nos intervalos o devoto que ofereceu a casa, oferece café com “mistura”.

Cavalhadas
Realizadas em Guarapuava as cavalhadas dramatizam a luta entre cristãos e mouros e os torneios medievais. Os cavaleiros dividem-se em dois grupos montados, vestidos com bonitos trajes azuis ou vermelhos. Após vários diálogos (encontro das embaixadas), simulam lutas mostrando sua perícia, portando revólveres, espadas e lanças. De lados opostos do campo estão os redutos dos reis cristãos e mouros. No final há paz, com a conversão dos mouros. Os cavaleiros se entregam a uma série de competições eqüestres (sortes), oferecendo os troféus às suas “damas”.

Duas bandas de música acompanham o espetáculo: a de “pancadaria” ou “infernal” apupa os faltosos e a outra toca em louvor dos vencedores. Informações pelo site www.cavalhadas.com .

BLOCOS

Apinagés
É um bloco carnavalesco de Antonina, constituído de quase uma centena de adultos e crianças imitando índios, empunhando arcos, flechas, lanças e machadinhas além de instrumentos musicais, como tamborins, surdos e outros, que acompanham seus cantos e evoluções.

Dramatizam lutas guerreiras, com variada coreografia e possuem 26 cantos próprios. A tribo tem dois Caciques (um chefe e outro auxiliar), a Rainha, a Princesa e o Mascote. Foi fundado em Antonina com o nome de Bloco Guaraci, por Benedito Jesus Pereira, oriundo do Estado do Pará, em 1923. Depois de alguns anos desativado retornou suas apresentações com o nome atual.

Bloco do Boi
Fundado em 1922, o Bloco do Boi-do-Norte apresenta-se no carnaval de Antonina e compõe-se do Boi, do Cavalo, do Nanico (pássaro de longo bico), que são os bichos do Boi, e mais o Toureiro, o Médico-Veterinário, duas Porta-Estandartes, que se revezam, e do restante do bloco, que é responsável pela batucada. O bloco possui melodias próprias e, entre as evoluções, apresenta a dramatização da morte e ressurreição do boi, antes de reiniciar o desfile.

LENDAS

As lendas são narrações orais de caráter fantástico que no entanto procuram dar uma explicação a um fato real. Como em todo o Brasil, o lendário do Paraná, é muito rico, deixando transparecer a fértil imaginação do índio e do caboclo. Destacamos algumas lendas que dizem respeito a nossa prodigiosa natureza, a nossa formação histórica e cultural, ou ainda aos nossos pontos turísticos:

Lenda das Cataratas do Iguaçu
Os índios kaingangue, que habitavam às margens do rio Iguaçu, acreditavam que o mundo era governado por M’boi um deus que tinha a forma de uma serpente e que era filho de Tupã. O cacique dessa tribo chamado Igobi, tinha uma filha. Naipi, tão bonita que as águas do rio paravam quando a jovem nela se mirava, devido a sua beleza, Naipi seria consagrada ao deus M’boi, passando a viver somente para o seu culto. Havia porém, entre os kaingangue um jovem guerreiro chamado Tarobá, que ao ver Naipi por ela se apaixonou. No dia da festa da consagração da jovem índia, enquanto, o pajé e os caciques bebiam cauim (bebida feita de milho fermentado) e os guerreiros dançavam, Tarobá fugiu com a linda Naipi numa canoa que seguiu rio abaixo, arrastada pela correnteza.

Quando M’boi soube da fuga de Naipi e Tarobá, ficou furioso. Penetrou então nas entranhas da terra e retorcendo o seu corpo, produziu na mesma, uma enorme fenda que formou uma catarata gigantesca. Envolvidos pelas águas dessa imensa cachoeira, a piroga e os fugitivos caíram de grande altura desaparecendo para sempre.

Naipi foi transformada em uma das rochas centrais das cataratas, perpetuamente fustigada pelas águas revoltas e, Tarobá foi convertido em uma palmeira situada à beira do abismo, inclinada sobre a garganta do rio. Debaixo dessa palmeira acha-se a entrada de uma gruta onde o monstro vingativo, vigia eternamente as duas vítimas.

Lenda da Erva-Mate
Conta-se que Deus, acompanhado por São José e São Pedro, em uma longa jornada, pediu pousada na casa de um índio, já velhinho e muito pobre, que tinha como único bem, uma jovem e linda filha. O bom índio acolheu os incógnitos visitantes com carinho e hospitalidade. Querendo recompensá-lo, Deus disse ao ancião: – Vou premiá-lo pela generosidade de sua acolhida, tornando imortal, sua bela e inocente filha, a quem você quer tanto.

E assim, Caá-Yari, a jovem guarani, foi transformada na árvore de erva-mate, que desde então existe e por mais que a cortem, sua folhagem volta a brotar e a florir sempre mais vigorosa, permanecendo eternamente jovem. Caá-Yari tornou-se a deusa dos ervais protegendo suas selvas, favorecendo os ervateiros, abreviando seus caminhos, diminuindo-lhes o peso dos feixes e mitigando-lhes a árdua e cansativa jornada de trabalho nos ervais.

Lenda do Café
Certo mosteiro de Kaffa, situado na Abissínia à margem do mar Vermelho atual território etíope, possuia um rebanho de cabras, cuidado por um pastor chamado Kaldi, que era de inteira confiança dos frades. Ao pastorear os animais nas cercanias do convento, notou o astuto cabreiro, que horas depois de ingerir os frutos de um determinado arbusto verde-escuro, os caprinos tornavam-se ágeis e indóceis, sendo mais difícil que o habitual, reconduzí-los ao cural. Berravam, saltavam, corriam e, tal era o efeito da planta de misteriosos frutos vermelhos, que durante toda a noite, as cabras não repousaram, conservando-se despertas, como se não sentissem fadiga. Intrigado com a observação feita por Kaldi, o superior do convento, tratou de comprovar sua veracidade e mandando colher um punhado daqueles grãos cor-de-sangue, ferveu-os e em seguida serviu o líquido entre os frades, que sentiram-se a partir de então, mais dispostos para as longas vigílias de oração.

Assim, segundo a tradição popular, estava descoberto o café, conhecido atualmente em todo o mundo pelas suas propriedades tônicas, e estimulantes e pelo seu inconfundível aroma e sabor.

Lenda do Pinheiro e da Gralha-Azul

Existem várias espécies de gralhas: pretas, pardas, reais(brancas), azuis de peito amarelo e outras. Porém só a gralha-azul (Cyanocorax caeruleus) é a replantadora natural da árvore símbolo do Paraná (Araucaria angustifolia). A gralha era parda, como a maioria de sua espécie, todo dia implorava a Deus, muito humildemente: – Senhor sei que nada valho, nada sou. Não faço nada, além de barulho e de estragar as plantações. Gostaria de ser útil, de alguma forma.

Ouvindo o pedido daquele pássaro, o Criador entregou-lhe um pinhão, que a ave prendeu no bico, martelando-o contra um galho, até esfarripar a casca. Uma vez descascado, cortou-o pela metade, comendo a parte mais bojuda e depositando a restante em uma cova não muito funda e mal coberta de terra com a ponta voltada para cima, de maneira que quando a podridão consumiu a haste, o broto já tinha germinado, nascendo um lindo pinheirinho.

Assim fez a gralha com a semente que Deus lhe deu e continuou fazendo com todas as outras, cobrindo o Paraná de pinheirais. Querendo premiar o trabalho da esforçada ave, Deus cobriu-a com uma plumagem da mesma cor de seu manto celestial. E foi assim, que a gralha que era parda, tornou-se azul.

Lenda de Vila Velha
Itacueretaba, antigo nome do que conhecemos hoje por Vila Velha, significa aproximadamente “A Cidade extinta de pedra”. Localizada à margem direita do rio Tibagi (o rio do pouso) na vasta e ondulada ibeteba (planície) que Saint-Hilaire, maravilhado, disse ser o paraíso do Brasil. Este recanto tinha sido escolhido pelos primitivos habitantes para ser o abaretama(terra dos homens), onde escolhiam o Itaimmareru, o precioso tesouro.

Tendo a proteção de Tupã, era cuidadosamente vigiado por uma legião de Apiabas (varões), que eram escolhidos entre os homens de todas as tribos, treinados para desempenhar a honrosa missão. Os Apiabas tinham todas as regalias e distinções e desfrutavam de uma vida régia.

Era-lhes, porém, vedado o contato com as mulheres, mesmo que fossem de suas próprias tribos. A tradição dizia que as mulheres, estando de posse do segredo Abaretema, o revelariam aos quatro ventos e, chegada a notícia aos ouvidos do inimigo de seu povo, estes tomariam o tesouro para si. Tupã, o oniponente, deixaria de resguardar o seu povo e lançaria sobre eles as maiores desgraças, se o tesouro fosse perdido.

Os Apiabas eram fortes, ativos e bravos. O seu único trabalho consistia em realizar jardins na terra daquelas planícies. Tupã não permitia que naquele recanto sagrado, houvesse o pecado.

Numa certa época, Dhui (em nossa língua corresponde a Luís) fora escolhido para chefe supremo dos Apiabas. Como todos os outros, tinha sido preparado, desde a mais tenra idade, para essa sagrada missão. Dhui, entretanto, não desejava seguir aquele destino, celibatário. Seu sangue achava-se perturbado pelo feminil fascínio (era um cunharapixara – mulherengo). As tribos rivais ao terem conhecimento da notíicia, de pronto resolveram aproveitar-se da situação e escolheram entre uma de suas donzelas a que deveria ir tratar o jovem guerreiro e tomar-lhe o coração para arrebatar-lhe o segredo.

A escolhida foi Aracê Poranga (Aurora Bonita). Não lhe foi difícil conseguir a atenção do ardoroso Dhui e, pouco a pouco, ia entrelaçando a sua habilidosa teia, de tal modo que ele ficou completamente apaixonado e subjugado a seus pés. Ela já havia entrado no Abaretama com o consentimento de Dhui, que não teve como resistir-lhe ao desejo, pois Aracê era mulher e Dhui homem. Aracê traiu seus parentes em nome do amor, como Dhui traiu sua missão em nome de Aracê.

Numa tarde primaveril, quando aos Ipês (árvores de casca) já florecidos deixavam cair sua flores douradas numa chuva de ouro, Aracê, veio ao encontro de Dhui trazendo uma taça de Uirucuri, o licor de butiás, para embebedá-lo; mas o amor já dominava sua razão e ela também tomou o licor e ficaram à sombra do Ipê, langüidamente entrelaçados.

Tupã vingou-se desencadeando um terremoto que abalou a planície. A fúria divina convulsionou-se dentro do solo e a região foi destruída, trazendo morte e dor. A Abaretama completamente destruída tornou-se de pedra, o tesouro aurífero fundiu-se e liquidificou-se, e os dois amantes castigados ficaram um ao lado do outro petrificados. Ao seu lado ficou a causa de sua desgraça, a taça de pedra…

E, quando ali se passa ainda pode se ouvir ao vento a última frase de Aracê: -Xê pocê ô quê (dormirei contigo).
E foi assim que Abaretama tornou-se Itacueretaba.

A terra se fendeu: são as grutas que encontramos próximas à Vila Velha e o tesouro fundido é aquela lagoa que chamamos Lagoa Dourada, a qual, quando o sol lhe bate em cheio, ainda reflete o brilho aurífero. Dhui e Aracê, equivalente indígena de Adão e Eva, estão ainda hoje lado a lado circundados de Ipês descendentes daqueles que assistiram à morte dos dois. E os sobreviventes daquele povo partiram para outras terras onde a maldição de Tupã não os alcançasse. Fundaram um outro império, nessas terras imensas da América do Sul.

Atrativos Culturais
Variadas são as opções culturais que o Paraná oferece. São museus, parques temáticos, memoriais étnicos, entre outros. Os teatros são muitos e espalhados por todo o Estado. Vão desde construções de madeira, os “Teatro Barracão”, até a imponência do Teatro Guaíra passando por edificações feitas em outros séculos, como o Theatro São João da Lapa e o Teatro Municipal de Antonina, além dos de arquitetura original, como o Teatro Paiol em Curitiba.

Diversidade de estilos é o que não falta, espaços culturais também não. Mas o símbolo maior de nossa cultura é a Universidade Federal do Paraná, a primeira do Brasil, fundada no início do século XX.

Castrolanda, Carambeí, Witmarsum, Entre Rios e Prudentópolis, são verdadeiras vilas européias, com bem cuidados jardins, flores nas janelas, apego de seus habitantes ao folclore e amor ao cultivo da terra…
É o nosso Paraná holandês, alemão, ucraniano.

Rico também em alternativas é o calendário de eventos culturais. São festivais folclóricos, de etnias, de música, de teatro e de inverno, reunindo todas as expressões artísticas.

Eventos Culturais:

ROTEIROS CULTURAIS

Roteiro do Imigrante
Para reviver um pouco da história da colonização do Paraná, conhecendo os costumes e hábitos dos povos que aqui se radicaram, é importante conhecer os locais que escolheram como moradia. Uma oportunidade, é participar do Roteiro do Imigrante, passando pelos municípios de Prudentópolis e Guarapuava, que resgata:

Prudentópolis – conhecida como Capital da Oração, pela existência de muitas igrejas, possui uma população formada por 75% da população de descendentes ucranianos. Integrantes do Grupo Folclórico Brasileiro-Ucraniano Vesselka, mostram a beleza e riqueza das músicas e dos trajes típicos da Ucrânia, onde aparecem peças de ponto de cruz e os artesãos pintam à mão, as pessankas, que segundo a tradição, são ovos oferecidos na Páscoa, como símbolo de fartura e felicidade.

Guarapuava – mostra sua formação histórica da etnografia das tribos indígenas que habitavam seus campos, o caminho das tropas, lendas e influências culturais dos desbravadores que a tornaram uma cidade pujante e ao mesmo tempo hospitaleira. Os imigrantes que a adotaram, foram os de origem portuguesa, espanhola, italiana e os suábios da região do rio Danúbio, que formaram a Colônia de Entre Rios, onde é possível conhecer sua cultura, hábitos e a saborosa gastronomia típica.

Visitando atrativos, como a Igreja Matriz de Nossa Senhora de Belém, a Lagoa das Lágrimas, o Parque das Araucárias, a Casa Polonesa e o Santuário de Shöenstatt, conhecendo o Grupo Folclórico Italiano Anima e a Cooperativa Agrária de Entre Rios, onde, em 1950, com a ajuda dos governo suíço e brasileiro, chegaram famílias originárias da região do Danúbio, formando uma pequena Alemanha no seio de Guarapuava.
Informações: Tel: (0xx42) 622-2530/623-1505

Circuito das Cooperativas de Colonização Européia – Roteiro dos Imigrantes

Conta a história da colonização européia (eslava, germânica e holandesa) no Paraná, através de suas cooperativas. Rota Eslava-Germânica (Witmarsum em Palmeira, Prudentópolis e Entre Rios em Guarapuava) e Rota Holandesa (Carambeí, Castrolanda em Castro e Arapoti).

Informações: Tel: (0xx41) 352-2276 – Fax: (0xx41) 352-2080

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