História – As Reduções do Guairá

 

As Reduções do Guairá localizavam-se a oeste do atual estado do Paraná. Essas terras eram ocupadas Por Encomiendas e pelas cidades espanholas de Ciudad Real (1550), Vila Rica do Espírito Santo (1570) e Copacabana. As Encomiendas constituíam-se em : os índios encomiendados prestavam serviços aos donos da terra, em troca de proteção e catequese.

Neste local havia uma rota comercial por terra , pela antiga trilha indígena, desde São Vicente, subindo o Planalto até São Paulo, seguindo por Vila Rica, até Ciudad Real.

Os espanhóis de Vila Rica e Ciudad Real intermediavam a venda de nativos para os Paulistas, trocando por ferramentas, marmelada, açúcar, vinho e tecidos. A rota seguia até Assunção no Paraguai. E por ela era feito o contrabando do Peru e Prata do Potossi.

Outra rota seguia pelo rio Tiête e pelo rio Iguatemi, de onde saia uma trilha para Cuiabá e outra para Assunção. E uma terceira, pelo mar desde São Vicente ate a ilha de Santa Catarina, passando para o continente e subindo a trilha indígena até o rio Iguaçu, margeando até próximo à sua foz, de onde seguia para o passo acima das Sete Quedas, atingindo Assunção.

A escravidão do nativo era um bom negocio porque os holandeses atacaram e tomaram Pernambuco e Angola, controlando o trafico negreiro. No período da União Ibérica o indígena passou a substituir o negro nos engenhos da Bahia e da Baixada Fluminense. A escravidão do índio era proibida, então eles eram tachados de negros fugidos quando chegavam em São Paulo.

Depois que os paulistas exterminaram a população indígena no litoral de Santa Catarina, as “malocas”, expedições paulistas de caça aos índios, passaram a devastar a região do Guairá. Os nativos esconderam-se nos matos. Os espanhóis pediram ao bispo de Tucumã missionários para reduzi-los.

A redução protegia os nativos tanto dos encomiendeiros espanhóis, quanto das malocas paulistas, porque os Jesuítas entregavam os entregavam para a escravidão.

Os espanhóis utilizavam essa mão-de-obra para o trabalho nos ervais nativos. O trabalho nos ervais consumiu milhares de índios, que carregavam fardos superiores ao seu próprio peso, morrendo pelos maus tratos e pela falta de alimento.

José Catalino e Simão Masseta, em 1609, penetraram em Guairá e em 1610 fundaram as Reduções de N. Sra de Loreto e de San Inácio. Surgiram entre os rios Tibaji e Iguaçu mais 13 reduçoes de 1622 a 1629.

Com o fim do trafico de escravos nativos devido à ação dos missionários, os paulistas uniram-se em sociedades com venda de ações, para prear indígenas no Guairá. Essas sociedades organizadas na Câmara de Vereadores de São Paulo, foram denominadas “Bandeiras”, devido sua organização militar.

Os primeiros ataques às reduções de Guairá foram realizadas pelas bandeiras chefiadas por Manuel Preto. Em 1623, ele e seu irmão, Sebastião Preto, prepararam uma expedição que deixou São Paulo praticamente despovoada de homens. O ataque rendeu cerca de 3 mil cativos, que foram levados para as fazendas do Planalto e para outras praças.

No ano de 1968, as reduções do Guairá foram arrasadas e reduzidas as cinzas. Uma bandeira formada por noventa mestiços e mais de 2 mil nativos Tupi deixou a Vila de São Paulo, tendo como comandante Antonio Raposo Tavares.

Contando com o apoio do Governador Paraguaio D. Luiz de Cespes Xerias, governador do Paraguai, que era sócio do vereador e bandeirante Raposo Tavares , os espanhóis atacaram as reduções para capturar os nativos e vende-los aos bandeirantes.

Os nativos se revoltaram, estimulados pelos Xamãs que eram inimigos dos missionários. Os bandeirantes aprisionaram e levaram 18 mil nativos para São Paulo. Os missionários Simão Masseta e Justo Macilla seguiram a bandeira, recolhendo as crianças deixadas no caminho pelos paulistas. Quando os Sacerdotes entregaram as crianças no próximo acampamento, os paulistas ordenaram a chacina dos inocentes, porque atrasavam a caminhada das mães. De Guairá a São Paulo deixaram um rastro de sangue.

Os padres ficaram chocados pela alegria que essa expedição foi recebida em São Paulo. Um deles escreveu: “A vida toda desses bandidos é ir ao sertão, trazendo presos[os índios] com tanta crueldade e violência para vende-los como porcos!

O padre Ruiz de Montoya reuniu 12 mil nativos e em mais de 700 canoas, navegando pelo rio Paranapanema e Paraná, chegando apenas 4 mil na atual Argentina, onde se reuniram nas novas reduções de N. Sra do Loreto e San Inácio.

Esse Guaranis fugitivos iram mais tarde aumentar a demografia da região do Tape (Uruguai).

Citação tirada do texto: HOOMAERT, Eduardo & PREZIA, Benedito. Brasil indígena: 500 anos. São Paulo: FTD, 2000.

Por Patrícia Barboza da Silva

Referencias Bibliográfica :

  • FLORES, Moacyr. História do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, Nova Dimensão, 1996. 5ªed.
  • HOOMAERT, Eduardo & PREZIA, Benedito. Brasil indígena: 500 anos. São Paulo, FTD, 2000.
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