Norte, sul, leste e oeste: circo ocupa o Rio

A cidade do Rio de Janeiro se transforma em um grande picadeiro para o2º Festival Internacional de Circo. O respeitável público começa a se aglomerar nas plateias entre os dias 8 e 18/05. Na festa circense contorcionistas, trapezistas, palhaços, malabaristas e tantos outros personagens mágicos de Portugal, Bélgica, Peru, República Tcheca, Israel e mais oito nações chegam ao solo carioca para se apresentar.

 

O diretor do evento, Junior Perim, acredita em uma troca essencial entre as companhias participantes. Para ele, é o caminho para que o circo cresça na cidade. “Toda arte é feita de confrontações estéticas e de interação. O Rio de Janeiro e o Brasil, de uma maneira geral, tem uma produção muito fragilizada. Realizar o festival trazendo grupos de países com investimentos adequados contribui para a qualificação da linguagem circense.”

 

“Imagine o circo em todo o canto da cidade” é tema da edição. Dito e feito.  São mais de duzentas atrações gratuitas, que vão de Paciência, na zona oeste, até a ilha de Paquetá, na Baía de Guanabara. As Bibliotecas Parque da Rocinha e de Manguinhos fazem parte do circuito. Além das apresentações, na Rocinha, zona sul, o espaço recebe especialistas em Clown. A técnica será usada para trabalhar a inclusão sociocultural.  Manguinhos recebe as companhias internacionais CIE Sarabanda, da Itália, e Res dos Res, da Espanha. Ainda na programação, as cariocas Irmãos Brothers, Triciclo, Coletivo Pernalta, Grande Cia Mystérios e Novidades e Cia Etc e Tal. O Palhaço Topetão também marca presença, dia 10/05.

 

Pela primeira vez, em mais de cem anos de história, o Theatro Municipal recebe espetáculo circense: Risk, assinado pela premiada companhia contemporânea Cirk La Putyka, da Republica Tcheca. Através de malabarismo, acrobacia de chão, anel aéreo, dança contemporânea e clown os artistas propõem a discussão do que é risco. Perim enxerga a apresentação como uma grande passo para que a arte circense deixe de ser vista como mambembe.

 

“Como objetivo mais amplo, queremos reposicionar o circo no imaginário popular cariocar e dar valor a uma nova geração de artistas. O palco do Theatro como espaço de interação é simbólico. Vamos poder mostrar que somos de uma arte de beleza, essência humana, qualidade artística e que pode, deve e merece estar nos principais espaços públicos e privados do país.”

 

Dentre os destaques das companhias nacionais, o Circo Crescer e Viver, também na organização do festival, apresenta Belonging(Pertencimento), em parceria com Graeae Theater Company, de Londres. Os dez artistas – quatro brasileiros e seis britânicos – mostram ao público uma nova abordagem sobre limites e possibilidades. No palco, atores, músicos e dançarinos com deficiência física exploram o que nos conecta e divide enquanto pessoas.

 

Vai ter circo sim

 

Uma das artes mais antigas, o circo continua encantando crianças e relembrando adultos do tempo lúdico da infância. Com poucas lonas no Rio de Janeiro, é difícil incluir espetáculos na programação de final de semana do carioca. No entanto, Junior Perim é otimista quanto ao fato.

 

Para o diretor, a segunda edição age como a afirmação de que o circo pode chegar em qualquer lugar e, sem lona, ocupar lugaratpé mesmo escolas de samba e praças. Ele considera a importância de reapropriação de espaços para que a expressão artística seja possível a fim de promover acesso cultural. “Estamos repesando a cartografia artística e cultural da cidade”, conclui.

 

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