Exposição em São Paulo lembra 70 anos de morte de Mário de Andrade

Traços da personalidade e diferentes momentos da vida do escritor Mário de Andrade retratados em caricaturas. Essa é a proposta da exposição organizada pelo Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) da Universidade de São Paulo, que marca os 70 anos de morte do modernista, autor de Paulicéia Desvairada e Macunaíma. A mostra é gratuita e pode ser conferida até o dia 10 de julho no saguão do prédio da Reitoria, no campus Butantã.

“A caricatura traz peculiaridades, revela fisionomia. São marcantes os óculos dele. É interessante ver como ele é retratado nos desenhos”, aponta Bianca Dettino, coordenadora de Coleção de Artes Visuais do instituto. Além dos óculos de aros redondos, o queixo proeminente, o sorriso dentuço e a calvície são ilustrados em diferentes processos gráficos, como nanquim, grafite, guache.

Algumas gravuras mostram o escritor entre suas cartas. A coordenadora lembra que ele era conhecido por responder todas as correspondências. Há também desenhos que retratam a época em que ele morou no Rio de Janeiro. “Ele frequentava a Taberna da Glória. Três caricaturas trazem a lembrança desse período que ele esteve lá”, destacou Bianca.

A exposição reúne cerca de 30 obras assinadas por Nássara, Millôr Fernandes, Paulo Cavalcanti, Antonio Paim Vieira, Hilde Weber, José Corrêa Moura, Nicolielo, Hippert, entre outros artistas. O acervo foi doado em 1998 pelo funcionário público carioca Carlos Alberto Passos, admirador do escritor modernista.

Fazem parte da exposição, caricaturas que foram colecionadas pelo próprio Mário de Andrade. “O acervo que veio para o instituto em 1968 deu um contorno de como todo o acervo é tratado. Ele dá essa cara do que o IEB é hoje. Ele tinha um projeto nacional de cultura, de arte, de música. Sempre voltado, tanto para a parte erudita como popular”, explicou a coordenadora.

Mário de Andrade participou da Semana de Arte Moderna, em 1922, ano em que lançou Pauliceia Desvairada. Em 1928, escreveu Macunaíma, livro que se tornaria sua obra mais conhecida e estudada. O romance tem como figura central um anti-herói que, na visão do escritor, sintetiza o multiculturalismo brasileiro.

O autor também se dedicou à música e a pesquisas sobre o folclore brasileiro. Dirigiu o Departamento de Cultura da cidade de São Paulo (1935-1938), onde planejou a Biblioteca Municipal. Implantou a Discoteca Pública, os parques infantis e enviou ao nordeste a missão de pesquisas folclóricas.

Nascido em São Paulo, o escritor viveu no Rio de Janeiro, de 1938 a 1941, foi professor de Filosofia e História da Arte no Instituto de Artes da Universidade do Distrito Federal e trabalhou no Instituto Nacional do Livro. Morreu, aos 51 anos, em 25 de fevereiro de 1945.

A exposição pode ser conferida de segunda a sexta-feira. O prédio da Reitoria fica na Rua da Reitoria, 374, térreo, na Cidade Universitária.

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